POR
QUE?
No meu dia a dia, quando tudo parece dar errado, quando o mundo parece conspirar contra nós, o exemplo que sempre cito é o das hienas: são horrorosas, manquejam, se
alimentam de restos, só fazem sexo uma vez por ano e mesmo assim vivem “gargalhando”. Não se sabe de quem riem. Se delas mesmas ou se daqueles que, com ou sem vida, se tornam seu alimento.
Estou,
literalmente, a espera de um milagre. Não aquele que torne tudo ao meu redor
exatamente como eu quero ou gosto. Também, com a Graça de Deus, não é nada que
diga respeito à saúde. Estamos bem, dentro de nossas respectivas idades. O
contexto é outro. A necessidade bem diferente. Mas, isso não a torna menos considerável,
ao contrário, urge. O tempo passa e as coisas só tendem a crescer.
Somos um se considerarmos o
mandamento cristão de que que somos todos irmãos, descendemos DE UM SÓ CRIADOR e o
que fizermos, de bem ou de mal, a qualquer de nossos irmãos, fazemos a nós
mesmos enquanto minúscula parcela da humanidade, do Universo. Os nossos atos
ecoam não só em nossas vidas, mas e também no existir.
Entretanto, é necessário lembrar que foi dado ao ser
humano o livre arbítrio. Aquele distintivo que nós faz livres no pensar e no
agir segundo as nossas convicções, a nossa ética. A escolha é da cada um, o
respeito, a consideração, a capacidade de tolerância com e para o semelhante,
próximo ou não, parente, “aderente” ou mero conhecido, qualquer opção deve ocorrer de forma
pessoal e com assunção de total responsabilidade.
Já coloquei nesse blog, em
texto anterior, sob o título “A INDIVIDUALIDADE DOS SONHOS”, o seguinte: “E os casais? O seu sonho pode ser o dele.
O sonho dele pode ser o seu. MAS, O SEU SONHO NÃO TEM QUE SER O SONHO DO SEU
AMADO E VICE VERSA. O casal pode sonhar junto. Mais
que uma coincidência tal acontecimento é a certeza de que um completa o desejo
do outro e um representa para o outro a convivência/parceria que não deseja
perder.”
Igualmente, na
mesma postagem, fiz a seguinte observação: “Acreditem, são muitos os aspectos
que ameaçam os sonhos. O excesso de ambição de um, a apatia, a ausência de
projetos do outro ou mesmo a existência de um plano incompatível com os desejos
do outro; as pressões familiares e sociais que cercam as pessoas; a ausência de
diálogos e a temível oração do eu sozinho: eu quero, eu decido, eu faço,
sugerindo: você não conta, não tem vontade, só acompanha.”
Pois é. Vemos todos os dias pessoas queridas, que não só convivem, mas vivem bem,
com respeito mútuo e apreço. Todavia, mesmo com esses cuidados, preciosos numa
relação, numa amizade, há situações de imposição. Pode ser que aquela pessoa
que exige não se dê conta do quão é importante para a outra manter viva
aquela idéia, conservar o simbolismo e as lembranças de luta, de
crescimento, de alegria, de companheirismo, de momentos cruciais na vida do
outro.
Ainda que se fale muito em amor, emoção, compreensão, na vida prática não há muito a se
esperar de adultos além da racionalidade agregada à educação na condução de
suas vontades. Os nossos desejos, por serem diferentes dos de outras pessoas
não são, obrigatoriamente, contrários. Não têm que colidir com anseios diferentes. Entretanto o desencontro de aspirações tem produzido muitas arestas entre casais.
É uma
impropriedade afirmar que o Direito de um começa onde o do outro termina. Os
direitos convivem e se completam. Os indivíduos, porém, muitas vezes os
desvirtuam e os conduzem sob uma ótica pessoal e inegociável. O litígio, quase
sempre, nasce da ausência do direito de uma das partes, de seu equívoco, o que obriga
a quem detém a legitimidade agir no sentido de se resguardar.
O pacto, o entendimento,
cresce à medida que os indivíduos raciocinam olhando verdadeiramente o outro,
fazendo memória de suas decisões em situações semelhantes. Lembrar que o outro também fez e faz concessões. Não se deprecia
aquele que percebe uma atitude controversa e sabe recuar. Ao contrário, pode
significar crescimento, amadurecimento, mostrar as necessidade e adequações que
a vida passa a exigir, em resumo: “Mutatis Mutandis.” Mudar o que deve ser
mudado.
Por mais
próximos que sejam as pessoas não há como saber o grau de sacrifício, os
embates, o que as conquistas diárias significaram e significam para o outro?
Pode até ser que em relação a si e ao companheiro algumas pessoas decidam de
forma totalmente diversa da que “decidiram”, em questão semelhante, quando,
noutra oportunidade, necessitavam preservar alguém. Ainda que o façam automaticamente, num nível de inconsciência que, inclusive, determina a negação da atitude.
É, sempre afirmo que nós
não vimos ao mundo para fazer graça. Se observarmos com atenção e dispusermos
de tempo e coragem para investigar, veremos que mesmo os palhaços, em grande
maioria têm uma história triste e quando não, sua pintura que mostra um riso
escancarado revela, nos traços dos lábios, quase sempre, um contorno que denota
tristeza.
O que nos redime, em primeiro momento, é a nossa FÉ. A certeza da PROVIDÊNCIA DIVINA. Esperar um milagre é
quase que diário em nossas vidas. Todos aguardam o seu milagre particular. É sempre produtivo. Alimenta a nossa Crença,
mantêm a esperança e não nós deixa cair na terrível armadilha da depressão. A
humanidade acostumou-se a tal acontecimento. Sou mais uma e espero o meu
milagre.
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