Não é muita contradição?
Registra a Wikipédia, a enciclopédia
livre que: “...há contradição quando se afirma e se nega simultaneamente algo
sobre a mesma coisa. O princípio da contradição informa que duas
proposições contraditórias não podem ter
o mesmo valor de verdade. Dessa forma, ocorre uma contradição quando uma
afirmação é falsa e a outra é verdadeira. Se forem ambas verdadeiras ou falsas,
não existe contradição.” Ao longo da História da Humanidade a contradição
sempre esteve presente em todos os aspectos da vida.
A GRÉCIA legou à humanidade o
conceito de Democracia: “ o governo do povo, pelo povo e para o povo.” Todavia,
para o mundo grego, antes de Solon, apenas as pessoas livres, do sexo masculino,
nascidos de pai e mãe Ateniense, acima de dezoito anos e que tivessem prestado
serviço militar de dois anos, eram chamados de cidadãos e como tal sujeitos da
democracia. Assim, não faziam parte da Democracia Grega as mulheres, os metecos
e os escravos. Contraditoriamente a sociedade Grega era, a um só tempo, democrata,
desigual e escravocrata.
NO EGITO, Cleópatra, a rainha,
passou a história como uma devoradora de homens. Bela, sensual e que usava sua voluptuosidade
para obter o que desejava. A Historiografia Universal demonstra a contradição
existente na lenda. Cleópatra, não era bela, possuía um nariz fora de simetria
com o seu rosto, os dentes apresentavam falhas; entretanto era dotada de grande
inteligência, aspirava ao poder, era uma estrategista. Uma rainha regente que
lutou pela independência de seu reino até a morte. A contrário senso da imagem
de mulher dissoluta refletia e calculava todas as suas decisões, abrasando a
oposição do masculino pelo feminino e instaurando o conflito entre ela e o
romano Otávio. Cleópatra, portanto, era feia, mas pensava como os homens de seu tempo, obtendo o que desejava não por sua beleza, e sim por ser inteligente.
O MITO DE SÍSIFO, invocado por
Albert Camus introduzindo a Filosofia do Absurdo, já inicia com a contradição
de um homem leviano e que se lança a procura de sentido, unicidade e nitidez,
num mundo obscuro, ateu e absolutamente limitado. A interrogação de que será
necessário o suicido para a realização do absurdo? O escritor responde: “Não.
Exige revolta.” Abordando repetidamente o absurdo, Camus compara o absurdo da
vida do homem ao mito grego de Sísifo – condenado a eternamente empurrar uma
pedra de uma montanha até o cume e em seguida empurrá-la para baixo. Atitude contraditória e absurda tanto quanto um ser vazio, frívolo, preocupar-se com razões existenciais.
No Brasil a contradição parece
ter assumido uma posição ampla, confortável e sempre presente, senão vejamos: O DESCOBRIMENTO DO BRASIL já traz em
sua autoria uma contradição, no mínimo, curiosa. A História registra o navegador Português Pedro Álvares Cabral como o descobridor da nova terra que seria, posteriormente, o Brasil. Entretanto a Historiografia Brasileira, constantemente sinaliza a descoberta da mesma terra pelo Espanhol Vicente Yáñez Pinzón em Janeiro de 1500, quando alcançou à costa brasileira, tendo avistado um cabo que denominou como Santa Maria de La Consolacion, local cuja identificação atual é atribuída aos Cabos de Santo Agostinho, o Mucuripe, São Roque e o Cabo Branco. (Fonte Wikipédia, a enciclopédia livre e A História Geral do Brasil – Francisco Adolfo Varnhagen – 1854/ op. cit. p. Ronaldo Rogério de Souza Mourão).
sua autoria uma contradição, no mínimo, curiosa. A História registra o navegador Português Pedro Álvares Cabral como o descobridor da nova terra que seria, posteriormente, o Brasil. Entretanto a Historiografia Brasileira, constantemente sinaliza a descoberta da mesma terra pelo Espanhol Vicente Yáñez Pinzón em Janeiro de 1500, quando alcançou à costa brasileira, tendo avistado um cabo que denominou como Santa Maria de La Consolacion, local cuja identificação atual é atribuída aos Cabos de Santo Agostinho, o Mucuripe, São Roque e o Cabo Branco. (Fonte Wikipédia, a enciclopédia livre e A História Geral do Brasil – Francisco Adolfo Varnhagen – 1854/ op. cit. p. Ronaldo Rogério de Souza Mourão).
Dando início as contradições
oficiais, os livros de História do Brasil registram a chegada de Pedro
Álvares Cabral como o navegador que escobriu o Brasil. Era na semana da Páscoa, no dia 22 de Abril de 1500, quando os
portugueses alcançaram o que imaginaram ser uma ilha a que denominaram Ilha de
Vera Cruz. Afinal, Espanhóis ou Portugueses, quem, descobriu o Brasil?
Ainda e como se não fosse suficiente, com base no famoso Testamento
de Adão: “Tratado de Tordesilhas”, a descoberta foi transformada numa colônia
portuguesa. Todavia tal fato não livrou o Brasil da contradição. O raciocínio
lógico seria o de que os portugueses trazidos para a colônia e que constituísse
a elite dos aqui instalados, recebessem de seu país de origem o apoio e
incentivo necessários ao seu enriquecimento. O sucesso dos portugueses nas
colônias, sob o ponto vista lógico seria o sucesso do colonizador, mas Portugal
vedava terminantemente qualquer iniciativa de desenvolvimento que concorresse
com as mercadorias adquiridas ao Reino. Assim, tudo permanecia como dantes no
quartel de Abrantes.
Compactuando com os ditames da
coroa, os ricos da colônia entravam em contradição, quando criavam formas de fugir
ao pagamento de impostos e opor-se a fiscalização portuguesa o que gerou
rebeliões, nessa época. Todavia, naquilo que lhes era confortável permaneciam
silentes e obedientes.
Guindado a império a
contradição ampliou-se de forma absurda. O Brasil era a um só tempo
escravagista e libertário. Escravizava e fermentava a escravidão enquanto que
por outro lado defendia a liberdade econômica. Os precursores das idéias
abolicionistas sofreram violenta oposição e, via de conseqüência houve aumento
no contrabando de seres humanos ou seja: enquanto crescia o sentimento abolicionista, duplicava o contrabando de pesoas escravizadas. Conviviam num mesmo espaço, a defesa da
liberdade, a elevação da escravidão e do tráfico humano, a população livre com
garantias do colonizador e que necessitava do escravo para poder ser sujeito de
tais garantias e o escravizado, que era o último degrau de uma hieráquia social infame.
O império tinha no Imperador D.
Pedro I a maior de suas contradições. Apelidado de O Libertador, O Rei Soldado,
extremamente simples e habituado a trabalhos manuais. Imperador e separatista.
Católico e Maçon. Era um guerreiro que
tocava flauta, piano, fagote, trombone, violino, violão, cravo etc. A personificação da contradição.
Patrocinador de escândalos sexuais, D. Pedro I teve seu perfil traçado por
Heitor Lyra que o caracteriza como uma pessoa “de temperamento, era impulsivo. Volúvel até os extremos, era capaz dos maiores egoísmos e das mais largas generosidades. Tudo nele era incompleto: mal educado, mal guiado, mal aconselhado, faltou-lhe sempre o senso da medida. Mas, como todas as naturezas espontâneas, tinha um fundo de grande bondade.” Certamente a pessoa mais contraditória de seu império.
Heitor Lyra que o caracteriza como uma pessoa “de temperamento, era impulsivo. Volúvel até os extremos, era capaz dos maiores egoísmos e das mais largas generosidades. Tudo nele era incompleto: mal educado, mal guiado, mal aconselhado, faltou-lhe sempre o senso da medida. Mas, como todas as naturezas espontâneas, tinha um fundo de grande bondade.” Certamente a pessoa mais contraditória de seu império.
O Segundo Império com D. Pedro
II revelou-se uma exceção. O monarca transformou o Império, sendo respeitado
por intelectuais como Wagner, Nietzsche, Pasteaur, Darwin, entre outros. Foi deposto num período em que gozava de alta
aceitação, tendo vencido três conflitos internacionais: a Guerra da Prata, a
Guerra do Uruguai e a Guerra do Paraguai. Após sua deposição o Brasil entrou em
declínio. Para não fugir a regra das contradições, viu muitas de suas
realizações que alavancaram o País, serem desfeitas, mas aqueles que tramaram sua queda logo se
convenceram de suas qualidades e o viram como um modelo para a República.
Alguns historiadores o consideram o maior dos Brasileiros.
A Primeira República trouxe as facetas mais
curiosas possíveis; o período da Ditadura Militar e o Governo de excessão constituem um intervalo singular, penoso e cuja abordagem erá feita em separado; o retorno da República, não modificou o jeito de ser brasileiro. Nada
livrou o País da contradição. O brasileiro parece ter no seu sangue o DNA da
incoerência.
Uma nação socialmente desigual, muito embora desde os
mais remotos registros fale sobre liberdade, fraternidade, igualdade,
solidariedade, amor e paz. A bem da verdade o que testemunhamos no Brasil e no mundo é um histórico de guerras fratricidas, mundiais, regionais
ou mesmo as chamadas guerras urbanas, entre grupos, gangues rivais, aumentando,
dia a dia as estatísticas de criminalidade.
Convivem na contradição do dia
a dia, “desses Brasis”, Ferrari, Lamborghini, Ford K, Fiat Uno, Fuscas, motos BMW,
Kawasaki, Scooter, Shineray, ônibus com pneus carecas, superlotados,
bicicletas, carroças, animais. Tudo serve para transportar os cidadãos. Igualmente, encontramos mansões e
apartamentos de alto padrão, cujo luxo chama a atenção do mundo para o Brasil.
Nesse sentido, de despertar o olhar mundial, temos também as palafitas, as
favelas - alagadas ou não -, os casebres, abrigos de papelão, cercas de vara,
ou simplesmente as calçadas, viadutos, becos e outros, que servem de endereço a
milhares de Brasileiros.
Olhando o Brasil de agora temos
a sensação de que a contradição só aumentou. Vive-se um período político onde o
Poder é exercido por partidos historicamente pequenos, de oposição, representantes
da “massa oprimida”. Iniciado que foi com a eleição de um ex-metalúrgico,
contundente em seus pronunciamentos enquanto militante e que, ainda candidato assumiu um
discurso polido, reticente, passando a ser chamdo de Lulinha Paz e Amor.
Uma vez presidente, o oponente,
carrasco da situação, ferrenho defensor do proletariado, rapidamente reiterou o
caminho da contradição. Travestiu-se de político engomado, passou a usar frases
de efeito, viajou muito – apesar de sempre ter criticado quem o fazia -,
envolveu-se no maior escândalo político de todos os tempos da Nação Brasileira.
Contraditoriamente, permaneceu blindado. À moda dos macaquinhos de Nikko, nada ouviu, nada falou e nada viu,
logo ele, tão atento, tão solto no falar e com uma visão aquilina sempre direcionada a seus oponentes. Somente Rose poderia coroar
tanta ingenuidade!
A Presidente, igualmente
“camarada, militante, ex-guerrilheira”, abre mão de seu passado político com
arranjos destinados a lhe garantir a reeleição e governabilidade, a exemplo da
nomeação de Afif Domingues para Secretaria de Micro e Pequena Empresa o mesmo que, criticando o governo,
apelidou o PAC – a menina dos olhos de Dilma – de Plano de Abuso da
Credulidade.
Na esteira da contradição não
podemos olvidar a histórica condição beligerante da nossa Presidente e, do
mesmo modo, não nos é permitido ignorar que o Cargo e suas consequências, liberaram-na
da essência libertária que parecia ditar suas emoções. Hoje a vemos fazer vista grossa a posição do
STF quanto à criação de novos partidos...; a tentativa de controle da imprensa;
a subordinação da mais alta corte brasileira, o STF, a maioria Congressista do
Governo e, também, a mal fadada questão da restrição da capacidade
investigativa do Ministério Público. Haja contradição para quem, acima de tudo, lutou pela liberdade de poder escolher sua conduta, sua direção política.
Só para finalizar é triste o
registro da mais cruel contradição brasileira. Há uma negação generalizada à
própria existência dês que cresce vertiginosamente o comércio de armas, o
tráfico e que, os senhores da guerra urbana satisfazem todas as suas
necessidades de sangue, luxo e orgias. Contraditoriamente, milhões de trabalhadores
vivem subalimentados; crianças morrem de desnutrição; boa parte da população não
tem acesso à tecnologia. A saúde, a educação a segurança, vitais à população,
perdem espaço, importância e dotações para a Copa do Mundo, a reeleição da
Presidente, a importação de médicos – qualificados ou não. Então gente, temos opção ou não? Somos o País do futebol ou da contradição?
Um comentário:
Uma das coisas que mais gosto neste blog é que ele nos faz sair da inércia da superficialidade.
Como sempre, adorei o texto e sua inerente capacidade de nos fazer refletir.
Somos o país da superficialidade, Maria de Lourdes, onde o embrulho vale mais que o presente. Somos uma nação alienante e alienada, que se indigna com os mal feitos e não se dispõe a mudá-los, a não ser que em muito nos atinja, e direta e imediatamente. Somos o país da urgência e emergência pautado em resultados eleitorais mais próximos e cargos comissionados que compram o apoio político.
Mas defendemos o bem, a justiça, a honestidade. Sempre esperando que o outro a faça e sirva de exemplo e desde que nossa bondade e generosidade não esteja no caminho do interesse e beneficiamento pessoal.
Infelizmente, somos essencialmente contraditórios, e não de uma forma positiva...
Beijos.
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