Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O MISTÉRIO DA PAIXÃO

FÉ, AMOR E SECULARIDADE.


Mais de dois mil anos se passaram. Homens e mulheres sofreram tantas mudanças que por vezes há dificuldades em sabermos quem é quem.  O mundo sofreu todos os tipos imagináveis e inimagináveis de mudanças. O Planeta modificou seu aspecto externo, seu relevo, sua temperatura, tudo; vivemos continuamente sob mudanças, até porque há uma incessante troca de energia e massa na natureza  além da frenética  interferência humana.


A primeira vista parece ser impossível que algo neste mundo em eterna ebulição  possa permanecer imutável por dois mil anos. E o melhor, que nós façamos parte desse contexto. Não pensem que fiquei maluca. Estou sã, até que me provem o contrário. Domingo de Ramos, na Igreja, em plena celebração, me peguei questionando o porquê do sacrifício do Cristo ser tão presente, ser capaz de emocionar, levar à profundas reflexões, ditar condutas, condicionar nossas escolhas.


É por mais que sejamos levados a evoluir em nossas vidas, que passemos a nos prover de intenções direcionadas ao autoconhecimento, ou mesmo que adotemos as costumeiras diretrizes do dia a dia e palavrinhas que nos contextualizam com a realidade, somos surpreendidos como ainda guardamos em nosso íntimo o que nos foi passado por nossos pais, que já receberam dos seus de geração a geração.


Nós acostumamos à limitação dos fatos ao tempo em que eles são de alguma forma, interessantes para nossa vida, para a sociedade, para aprimorar conhecimentos ou qualquer coisa que o valha.  Muita coisa foi guardada na memória da humanidade, mas nenhuma delas consegue aproximar-se do marco memorável que demarcou a história, a fé, o amor, a paixão e a compreensão do Sagrado.


Há, entre todos os acontecimentos que a humanidade testemunha um MISTÉRIO impossível de ser ignorado. Um acontecimento capaz de retroceder o relógio secular, de materializar desígnios Divinos e iluminar a humanidade sobre a ação e a obra de DEUS.


Falo da PAIXÃO DE CRISTO. Um momento único na história da humanidade. Iniciado com a Anunciação do Anjo a Maria e do seu sim, traduzido singularmente no Magnificat, o seu canto de amor. A história de amor e de aceitação tem muitos personagens. À Maria, mãe do Salvador, foi indispensável o suave amor de José,   que o fez acreditar, protegê-la, desposá-la e, sobretudo, amar a Jesus portando-se como um Pai e, numa lição espetacular de humildade ensinar, ao Rei dos Reis, o humilde ofício de carpinteiro.


A História da Paixão de Cristo atravessa os séculos, desafia a humanidade, a heresia, a apostasia, a agnosia, tudo e até mesmo as espalhafatosas declarações em busca de parâmetros para imagens a serem vendidas. Muitos lembram a polêmica frase atribuída a um Diretor da  “White Star Line”  sobre o TITANIC: “Nem Deus afunda o Titanic.” A frase imputada a Jonh Lenon, um dos Beatles: “Nos somos mais famosos que Jesus Cristo”. Uma  atitude de  Cazuza, que num show no Canecão deu um trago num cigarro de maconha, olhando para o alto e soltando a fumaça  afirmou: “Deus essa é para você”. Todos se foram, todos morreram, Deus permanece e Jesus ressuscita todos os dias. 


Pois é, a Paixão de Cristo está cada dia mais viva. Não se trata apenas de fazer memória. Não é teatro, não é a busca pela desejada panacéia, é muito mais que todas as coisas que possamos imaginar. Talvez o segredo esteja no fato de que a Paixão é alimentada pela Fé. Nós, católicos, acreditamos que Jesus, o Cordeiro de Deus, através de seu sacrifício nos inseriu num novo projeto, deu-nos uma nova chance   de um dia alcançarmos a verdadeira Paz. Mas, a Fé não é algo que se planeje, se calcule ou mesmo se possa transferir a terceira pessoa. 

A Fé, em mim, é um sentimento profundo de entrega e certeza. É confiança, esperança com credibilidade ante a verdade emanada de um processo construído  no mais íntimo de meu ser. A Fé renova ano a ano a Paixão de Cristo. Ela é portadora da Boa Nova, ela nos diz que todos os dias, Jesus se sacrifica para que sejamos melhores e possamos ajudar um aos outros.



A Fé é filha do Amor. Daquele que transcende à materialidade. Aquele que não necessita ver para crer. Aquele sentimento maior, capaz de superar distâncias geográficas, eliminar diferenças sociais, étnicas, religiosas. Amor universal, da humanidade por Deus, e de Deus por todos nós. 


O Amor gera todas as coisas e segundo Bento XVI, é o sentimento que procura o bem e a paz para todos os seres humanos. O Amor Ágape nos faz voltar no tempo, sentir a dor, a traição, o presente da Eucaristia, a infâmia das acusações, a omissão de Pilatos, a crucificação e morte, a ressurreição..., a mensagem para que sejamos pessoas melhores, nos amemos e propaguemos o  porquê da vinda, morte e ressurreição do Cristo.


O Amor está presente em nossas vidas até quando não o sabemos. Existe amor no bom dia que você dá a um desconhecido, valorizando-o, lembrando-o de que está vivo, é um filho de Deus. Igualmente existe amor quando nos dedicamos e damos o melhor de nós mesmos no nosso trabalho. E o que dizer do olhar carinhoso, do sorriso amigo que dedicamos no dia a dia a tantas pessoas que nos procuram, muitas vezes apenas para ter com quem trocar duas palavras?


O Amor nos diz que a Paixão não foi em vão. O Amor testemunha a Graça, a Palavra, a doçura dos corações, a abertura para Deus, a conversão em reconhecimento de que o Deus Encarnado, o Verbo Divino, veio para Redenção de toda a humanidade e através dele pudemos entender o significado da obediência, da humildade, da paciência, da justiça, da constância e da fidelidade a vontade do PAI.


A PAIXÃO DE CRISTO É REAL, ATUAL E CONSTANTE. Acontece todos os dias, nas pessoas que são imoladas em assaltos, assassinatos, raptos, torturas, humilhações, chantagens e todas as formas de negação ao Deus da Vida. Ela, a Paixão, mantém seus pilares. O nosso cotidiano nos mostra diuturnamente os agressores, a briga pelo poder, a bajulação ininterrupta, os modernos Pilatos que lavam as mãos, viram o rosto, escondem a corrupção, se negam a enxergar a dor, o horror, a fome, a ignorância.

Os personagens da Paixão estão todos aí, ao nosso redor. Cada um de nós pode ter tido o seu dia de Pilatos, quando nos negamos a ver as injustiças ao nosso redor. Quantas vezes fomos Pedro e negamos  Jesus ou quem sabe, um nosso conhecido ou mesmo desconhecido, pobre, maltratado, humilhado e que precisava veementemente de um gesto, uma palavra, uma ação?


Será que em nenhum momento de nossas vidas nos portamos como Judas Iscariotes, depositando nossas aspirações sobre outros, que não sonham os nossos sonhos e por isso “merecem” o beijo da entrega? Quantas vezes fomos Tomé e ignoramos os sinais, desdenhamos e somente acreditamos naquilo que se materializa diante de nós?


Essa descrença, essa ausência de compromisso cristão, essa forma distorcida de ver aos homens e a Deus crucifica todos os dias. Esse motor contínuo, essa lei imutável do nunca mais ao eterno retorno, nos faz consciente do quanto contribuímos para a nova versão da Paixão de Cristo. Mas nem tudo está perdido. A nossa Semana Santa não é feita apenas de Sexta Feira. A esperança renasce, Cristo Ressuscita e nós temos de volta a Promessa Sagrada de um lar eterno assegurado pelo sangue redentor do Cordeiro de DEUS.


 
A Páscoa acontece em cada coração, em cada consciência. Ela não é só a vitória sobre a morte, é, fundamentalmente, a vitória sobre o pecado, a regeneração que nos aviva e enche de esperanças. Jesus passa da morte para a vida, das trevas para a luz, o templo arrasado, colocado abaixo, está novamente de pé. As Escrituras foram cumpridas. Com a Páscoa celebramos o mistério da salvação pela ressurreição de Jesus Cristo. 


Todas as vezes que estendemos nossas mãos para os que necessitam de ajuda, todas as vezes que defendemos os que são injustiçados, todas as vezes que matamos a fome, a sede, livramos do frio e da vergonha aqueles que nos procuram, acontece a Páscoa em nosso âmago. É verdade, estávamos mortos pelo egoísmo, pela insensibilidade, pela omissão e por tantos outros sentimentos negativos e o nosso irmão, talvez até o último na escala social de nossa atualidade, nos resgata para Deus por um simples gesto de amor, por uma concessão à vida, ao projeto de Deus.

Tenho a absoluta certeza de assim como a PAIXÃO DE CRISTO REPETE-SE TODOS OS DIAS, É ATUALÍSSIMA, TAMBÉM O É A RESSURREIÇÃO, A PÁSCOA DO SENHOR.

Um comentário:

Anônimo disse...

pretty nice blog, following :)