POLÍTICA
Assusta-me, verdadeiramente, a
capacidade dos seres humanos de extrapolarem todas as possibilidades de reações
plausíveis, em favor de seus projetos pessoais. Invariavelmente tais situações
espelham a busca pelo PODER ou a manutenção das pessoas em condições de mando.
Nesse universo nada se iguala ao jogo Político. A dança das cadeiras.
É comum pessoas adormecerem
potenciais candidatos e acordarem escorraçados de seus refúgios eleitorais ou mantidos se,
e somente se, concordarem com todas as negociações realizadas furtivamente, às
caladas da madrugada. Sempre é assim. Não há inovação. Permanece a velha
cultura de que um "inimigo convertido" é infinitamente mais
importante e confiável que um companheiro de longas datas e com quem se
realizou caminhadas gloriosas.
Falar em "INIMIGO
CONVERTIDO" não é força de
expressão. Em Política as metas estabelecidas, de tão ferrenhas, assemelham-se à salvação apregoada pelas Religiões. Permanecer ou chegar ao PODER não tem
preço. Vale tudo. Aquela criatura anteriormente desnudada como vil, torna-se,
de imediato, virtuosíssima. As realizações ditas inexistentes ou inacabadas
transformam-se em pendores administrativos dantes nunca vistos. A cortina de
fumaça estende-se como uma panaceia capaz de eliminar todos os males.
As alianças, por mais estranhas
que se possa perceber, recebem tratamento semelhante à blindagem e que as
tornam anti choque, anti arranhões e anticríticas. Nada parece ter o condão de
atingir os pseudos "novos-sempre-antigos-grandes-invejáveis e inoxidáveis"
companheiros, sobretudo nos quesitos moral e ética. No Brasil, efetivamente nada se cria, nada se
perde, tudo se transforma no melhor estilo "Lavoisiano".
Mas o que me faz sair de um
marasmo atemorizante e ser tomada por uma avalanche de ideias? O que produz
esse atropelo em minha alma que se alvoroça e assume uma postura inquietante? A
dança das cadeiras não é, sequer por um segundo, novidade para mim ao longo de
meus 61 anos de vida e, muito menos,
para os meus 31 anos de serviço público.
Também não posso me arrogar a condição de noviça para os casos de puxões
de tapetes, aqueles em que o cidadão perde o contato com a base onde se
encontra confortavelmente posto e, de supetão, foge-lhe o chão, perde a
segurança e vê sumir, por assim dizer, a sua zona de conforto.
É como dizia o filósofo
Heráclito de Éfeso, para quem tudo flui: "Não se pode percorrer duas vezes
o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo
estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da mutação, esta se dispersa
e se recolhe, vem e vai." Pobres
PRÉ-CANDIDATOS que depositam sua confiança, seus interesses, sob os ombros e
cabeças doutros, preocupados tão somente consigo e com seus desejos. Melhor
fariam, esses coitados, se acreditassem no " DEVIR EM OPOSIÇÃO AO SER".
Talvez
com o devir se tornasse mais provável a concretização de aspirações,
sonhos e/ou até mesmo "naturais" candidaturas, leia-se: reeleição a cargos eletivos já
exercidos. Lembrar que o caminho que leva ao topo é o mesmo a ser utilizado
para a descida mostra, inexoravelmente, quão impessoal é a lei da
"natureza humana", claro, segundo a qual o PODER QUE NÃO PODE, NÃO É
PODER.
Traduzindo: vale tudo para
ganhar eleições. Pacto com o diabo - o Político que era opositor; acordo com a velha
senhora - aquela que vivia sendo colocada de molho em suas pretensões
políticas; conluio de última hora com o
partido até então escrachado - os líderes não mereciam confiança. Como diria um velho Político Paraibano, dessa feita olhando também o cenário político nacional: é chegada a hora
da traição.
Salvem-se quem puder!
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