Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

sábado, 7 de dezembro de 2013

AUMENTO DE TEMPERATURA.



UMA QUESTÃO MÚLTIPLA

 

O aumento de temperatura é algo que tem trazido preocupações significativas quanto aos impactos na atividade humana. O risco de perda de área das florestas;  o aumento nas concentrações de emissões de carbono, pela diminuição de sua absorção  nos ecossistemas; as secas que levam a diminuição da agricultura; o recrudescimento na disponibilidade de água para milhões de pessoas; o aumento do nível do mar e comprometimento de áreas costeiras e, naturalmente, o aumento da temperatura – nível de calor no meio ambiente - resultando em queimadas,  degelos, inundações e mortalidade, tudo isso se dá em razão do aumento de temperatura. Apesar da importância do tema não é sob essa conotação que me debruço.


Por outro lado, houve no Brasil um substancial aumento de temperatura em relação a criminalidade, a corrupção e, também, ao gênero novelesco, assim entendido, como o entretenimento diário e continuado em capítulos, que imobiliza milhões de pessoas prendendo-as à mídia televisiva. 



É claro que se torna impossível deixar de registrar as “pegações” de casais forjados nas letras dos autores e que se apalpam, se agarram, se relacionam em consultórios, provadores de roupas, ambientes de trabalho e trocam de parceiros como se trocassem de roupas, exibidos, quase sempre, em cenas que sugerem sexo explícito.


 Traição levada ao extremo e nas próprias casas dos traídos, nas piscinas, nos telhados, nas escadas, na cama do casal, muitas vezes com os filhos dos traídos inocentemente dormindo no quarto ao lado. Libertinagem, desprezo pelo convencional, excursão com idas e vindas às preferências sexuais dos personagens. Vilãs que entregam as calcinhas para fisgar seus chefes; executivos que desrespeitam e destratam funcionárias, como o caso do afetado Felix que denominava sua secretaria de “cadela”. 


Num universo – imaginário...? No qual, empregados e empregadas circulam livremente, das camas dos patrões à fofoca das cozinhas, não há espaço para a monotonia da normalidade. Matronas acreditam e sustentam a idéia de “sexy appeal”, esse, desgastado, não pela idade, mas, e sim pelas caricatas e indisfarçadas expressões obtidas à custa de inúmeras cirurgias plásticas. Vaidades, vulgaridades, maldades, maldades, maldades, em excesso. Escassez de boas informações, ausência de bom senso, preguiça de raciocinar, eis o que nos oferta a grande maioria dos entretenimentos em exibição. 


Os novelistas se desafiam e desafiam os que já apresentaram obras no mesmo gênero. A meta sistematicamente perseguida: A PIOR PERSONAGEM QUE A IMAGINAÇÃO POSSA CONSTRUIR. QUANTO MAIS VIL, MAIOR A CHANCE DE SUCESSO. Vale tudo. Pais que odeiam, renegam, desprezam, boicotam e criam obstáculos à vida dos filhos desde a mais tenra idade. Maridos que traem, ignoram, roubam, desqualificam e causam sofrimento atroz a aquelas que utilizam, quando lhes convém, como adorno a ser exibido nas rodadas sociais. Casais jovens que trocam de parceiros como se estivessem trocando de roupas. 


Indivíduos destituídos de um átomo sequer de dignidade, vergonha, ética, moral ou qualquer coisa que o valha. Pululam de um lado para outro, fazem tráfico de drogas, agridem e matam. Usam as pessoas da forma mais sórdida possível; seduzem e induzem crianças a mentir, enganam-nas, levam-nas a trilhar caminhos perigosos  e descartam-nas quando não mais lhes interessam.


Entretanto, são personagens interpretadas por atores e atrizes bonitas, talentosas e que emprestam as vilãs e vilões uma autenticidade a toda prova, a lista é grande. Os folhetins não são mais aqueles. O amor, a inocência, a luta real pela sobrevivência – decentemente -  não gera espetáculo, audiência. A virtude não faz seguidores, pelo menos nas mídias. O vício sempre tem suas fileiras engrossadas, seja por fruto da criatividade dos autores, seja pelo dia a dia de milhões de mortos vivos que se arrastam em busca do crack e/ou da droga de sua preferência. Há até quem enxergue Glamour cercando aqueles que engrossam suas contas bancárias ceifando vidas.


A temperatura aumenta a níveis escandalosos. Os casos de corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha parecem ter deixado, definitivamente, de serem crimes típicos praticados por bandidos de “meia tigela”, vendedores de proteção, assassinos a soldo. Não se originam em bolsões de pobreza, a sofisticação sugere a revelação de uma nova – porém velhíssima – elite criminosa: a dos engravatados. Com ternos Ermenegildo Zegna, Saville Row e ou Strong, da Stuart Hughes, adquiridos em euros, dólares. Tais criaturas, novelescas ou reais,  ganham e perdem milhões como se fossem bagatelas. Presos, condenados, mobilizam exércitos em suas defesas e, são absorvidos pelo mercado de trabalho que põem “emprego” á disposição de desnudado ex-dignatário. QUE DIFERENÇA DOS HUMILDES LADRÕES DE GALINHA!



A confusão impera.  É tão ggrande que, no Brasil, não há como saber: a arte imita a vida? Ou é o contrário? Criar tipos insensíveis, desumanos, pervertidos e sonsos como o Dr. César na novela das 21:00 horas, da Globo, tem que ter uma referência – é muita depravação para surgir do nada. E Aline? Muito bem satirizada como Galine – que em nome da vingança trai, rouba, envenena, engravida e odeia o próprio filho? Figurinha execrável, que arma as mais intrincadas situações sempre explorando a fraqueza dos demais, seja a insegurança de Paloma, a curiosidade e a testosterona de Bruno, a sordidez de Ninho, a pobreza de intelecto de Edith, o desamor e a  sofrida crueldade de Felix, a insistente frieza de Márcia em vender a “pirigueti”  Valdirene, para um marido rico e corneado; a falta de ética profissional e pessoal de Michel, Patrícia, Sílvia, Tâmara, Gláucia, Amarylis, Eron, Pilar e outros. 


 Em alguns momentos  não há como distinguir quem é bom ou mau. Não falo apenas em referência a personagens, mas e sim no dia a dia. Os noticiários trazem à baila crimes os mais terríveis e inimagináveis. As televisões abertas ou fechadas, o cinema, não ficam para trás; não são os monstros, gigantescos ou fisicamente deformados os que mais metem medo. O verdadeiro terror é ditado pela inteligência do personagem que pode até ser o “alter ego” de quem o criou. As conspirações, os atentados, os rachas, as associações para o crime, fórmulas para ludibriar, roubar, defraudar informações, são rotinas nos programas exibidos.


Mas, se você não tem interesse por ficção, a realidade é exatamente igual ao que nos oferta a imaginação dos autores. Os que sofrem seqüestros, não raro são gratos aos sequestradores por terem poupado suas vidas. Os agredidos, muitas vezes buscam justificar os agressores por não sentirem confiança na proteção que o sistema –as autoridades – deveria  dar-lhes como cidadãos.



A temperatura continua a subir de forma impensada. Basta ver os canais que transmitem sessões dos Tribunais Superiores ao vivo. Advogados se digladiando. Pode, também, impressionar-se com a “leveza” de parlamentares defendendo o indefensável publicamente em entrevistas a jornais e televisões ou, em suas casas Legislativas, onde estiverem, o que importa é a defesa da inocência. A sugestão é a aquisição imediata de litros e mais litros de óleo de Peroba, antigo e eficaz para dar realce à madeira e, portanto, aos caras de pau.


Que maravilhosa licença poética nós dá a televisão com a espetacular novela “O Cravo e a Rosa”. Baseada em clássicos como a Megera Domada de William Shakespeare e Cyrano de Bergerac de Edmund Rostand e, também, na Indomável de Ivani Ribeiro e o Machão de Sérgio Jockyman. Obras que fogem por completo do que se vê nos dias atuais.


 A temperatura sobe, no delicioso romance, por conta dos embates entre Julião Petruchio e Catarina Batista, o casal principal; as implicâncias de Petruchio com seu auxiliar Calixto que sempre se refere às caveiras dos pais do patrão; as tentativas de Calixto em beijar D. Mimosa; os queixumes de Bianca; a honradez do professor Edmundo, a vilania de Marcela, Heitor e Serafim; a cegueira de Cornélio, o adultério de Dinorá, a covardia do banqueiro Batista. Enfim, os vilões também estão lá, mas merecem bem menos destaque e são ingênuos adolescentes se comparados aos que já nominamos.



Nos céus a temperatura subiu. Não há aqui nenhum recurso linguístico. Realmente houve um acréscimo considerável de calor e de atenções motivados pelo cometa Ison. Esperado por astrônomos de todas as partes do mundo e que, segundo as previsões de especialistas se desintegraria com sua aproximação ao astro rei.


O Jornal “A Folha de São Paulo”, na data de 6 de Dezembro de 2013, publica, sob o título “Depois da morte, a ressurreição d0 Ison” da autoria de Salvador Nogueira* que registra a continuidade da saga do cometa, divulgando informações de Karl Battams, um dos coordenadores  da campanha de observação organizada pela Nasa, que anunciou pelo twitter: “Certo, estamos cravando, e você ouviu primeiro aqui: acreditamos que uma pequena parte do núcleo do Ison SOBREVIVEU  ao periélio.” * Jornalista de ciência e autor de sete livros.


O Sol não conseguiu desintegrar o cometa. Tudo conspira para que nada seja previsível, rotineiro, usual. Quem se arriscaria a afirmar que personagens como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério, Bispo Rodrigues, Valdemar Costa Neto, Pedro Correia e Vinicius Samarane e outros, conheceriam a papuda por dentro, gozariam de sua hospitalidade? Quem em sã consciência diria que passariam as festas de Natal e Ano Novo longe do Whisky de sua preferência, distante de belas mulheres, sem os sabores típicos da época? 


As previsões apostavam nas pizzas, na desintegração do cometa, no quanto pior melhor, na elevação das temperaturas. Faltou combinar para quem “esquentaria a chapa “ ou seja quem seria apanhado no meio da  confusão.  A temperatura aumentou. A televisão não tem limites, a papuda não tem ar condicionado, o cometa conseguiu vencer o sol, aumentar o seu brilho, a sua força e, naturalmente o seu calor. Os petralhas verão o Ano Novo surgir quadrado,

2 comentários:

Anônimo disse...

LOURDES
Os resultados que temos visto indicam uma nova página na nossa História. Há um rompimento com a tradicional aspecto da sociedade brasileira em penalizar apenas pobres, negros, prostitutas, travestis. Há mais coisa no ar do que tão somente o aumento da temperatura, aumentou também a possibilidade de sermos vistos - com mais respeito.
Tadeu

Manoel Carlos Alves disse...

Muito obrigado por sua visita e pelo elogio...

Vai chegar um dia,
em que tudo que eu diga;
Será poesia...

Manoel Carlos Alves