Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

terça-feira, 2 de julho de 2013

CORDEL DA DONA LUZIA

O PRESENTE!


A Igreja e Dona Luzia por Fred Araújo



Um presente para minha mãe que completou 82 (oitenta e dois) anos, nos brindando com sua alegria, seu amor e sua paciência. A ela as nossas homenagens, o nosso amor. Este é um trabalho simples, o primeiro no gênero, com capa de meu filho, Fred Araújo e a complacência de todos  na minha casa. Infelizmente não conseguimos, em tempo hábil as ilustrações que enriqueceriam o nosso folheto. Venham conosco e conheçam um pouco mais dessa guerreira.

Quem sabe fazer cordel,
 Retira do tempo o véu
Dá notícia de tudo,
 Ato, fato, boato,
Nascimento, crescimento,
Batizado, namorado,
Ajuntado ou casado,
Pouco importa a vigília
Começa pela família.

Autoria desconhecida

Fala de tudo e de todos,
Gato, cachorro, menino,
Assim como quem nada quer
Moço, velho, homem, mulher
Tudo serve ao cantante,
Um pensador viajante.

Rasga o tecido do tempo
Traz pra vida um alento
Mostrando aos que não conhecem
Para que também soubessem
Como foi o advento.

Esse é muito interessante
Conforme se verá adiante
Fala de uma Maria
Que por sinal é Luzia
Nascida em  Sapé
Terra fértil, rica e famosa
Onde outrora gloriosa
Com suas usinas de cana
Se destacava  viçosa

Nasceu fraca e sem vigor
Pouco peso e pequenina
Com seu rostinho iluminou
Sua mãe – quase menina
Que em mulher desabrochou

Menina-moça e mulher
“Amada onde estiver”
Naquele dia distante
Entregou-se confiante
Aquela que a ajudaria
Em sua casa, seu lar
A sua filha chegar

Autor desconhecido

Era um mês de muita festa
Santo Antônio, São João e São Pedro
Comida boa e folguedo
Bandeirinhas, pau de sebo,
Forró, arrasta-pé e brinquedo
 Nesse cenário de amor
Tal qual um beija flor
Ali Luzia chegou

Filha de Zéa e Zé Jorge
No ano de 1931
No dia 18 de junho
Quinta feira, há testemunho
O calendário não mente
Findou a espera ardente

A frágil recém-nascida
Trazia uma surpresa doída
Uma marca de nascença
Revelava uma doença
Os olhos não se abriam
Só DEUS e Santa Luzia
Para acabar com a agonia

Autor desconhecido


Num quadro de grande tristeza
A mãe cheia de fé e grandeza
Entregou a sua princesa
A Santa que lhe dá nome
E para reforçar a certeza
Com toda a delicadeza
A virgem a consagrou
E na cura acreditou

O pai todo aflito
Mesmo com fé e sem conflito
Buscou uma cidade maior
Médicos especializados
Doutores mais informados
Levando consigo a pequena
Que entre os lençóis, serena
De amor estava plena

Um Médico famoso e caro
Da cidade de Recife
Examinou a criança,
olhando com atenção
Causando ao jovem pai grande admiração.

Autor desconhecido

Disse com simplicidade e jeito
Pai, é leite de peito
Três ou quatro vezes ao dia
Pingando em cada olhinho
Como se fosse magia
Pra sua doce Maria que também é Luzia
A noite se fará dia.

Desse modo aconteceu
Os olhinhos se abriram
O céu, o sol, a lua viram
Seus pais alegres sorriram
E ela, a Maria consagrada
Por sete anos seguidos
Em todos os seus vestidos
Azul e branco ostentava
E a todos explicava – eu sou filha de Maria


Cresceu como toda criança
Brincando, estudando, sonhando
Sempre bem acompanhada
Com espaço, segurança  e carinho
Foi trilhando seu caminho

Autor desconhecido

Viu a família aumentando
Um a um foi chegando, ela vendo de perto
Claudionor, Vírginio, José Jorge,  Vírginia, DaLuz
Denise, Carlos Antônio, Auristela
Jorge, Emanuel,  Neuman,
Martinho e Alberto.

Dos irmãos conhece quase tudo
Virgínio, viveu apenas dias
Claudionor cresceu casou, morreu avô
Virgína, chamada Bina, Deus a levou
Carlos Antônio, mais filho que irmão
Se foi há dois anos, levando sua afeição
Emanuel, o Jorginho, foi-se jovem, jovenzinho
Calouro de Direito teve seu sonho desfeito
Alberto o caçula era um anjo ao  céu voltou
E com ele um ciclo  encerrou.

Meninos do interior
Corriam, pulavam cresciam
A casa em frente à SAMBRA era mais do que se via
No quintal tudo mudava e ali se encontrava
Tribos de pele vermelha, teatro e saltimbancos
Atores,  cantores e mágicos
Todos num só encanto.

A vida ali corria
Crianças da redondeza
Buscavam com toda a certeza
O abrigo da natureza, a doçura do pomar
Os amigos de mesma idade e que naquela cidade
Destacavam-se dos demais por sua criatividade.


Mas o tempo foi passando a necessidade chegando
Era hora de mudar, precisavam estudar
O Gentil Lins, Grupo daquela cidade
Esgotara a capacidade
Logo veio a decisão
Luzia e Virgínia para o internato irão
O colégio escolhido Nossa Senhora do Rosário
Em Alagoa Grande tornou-se então o cenário.

Claudionor – o Cazuza, menino em formação
Iria para outra esc0la de enorme tradição
Seria em Pernambuco na Capital do lugar
Em Recife no Marista, ali iria cursar
As etapas exigidas no currículo escolar.

E assim aconteceu, exceto para Virgínia
Apavorada explicou: não vou, não vou
Do anúncio a intenção demonstrada  num repente
Deixou claro, não iria
Mesmo morta   ou  indigente.

Os irmãos então viajaram
Cheios de saudade e lágrimas
Pensando nas brincadeiras
E nos momentos de calma
Com seus colegas e irmãos
Rodavam feito pião criando histórias novas
Copiando as antigas,  até mesmo pegando briga
Tudo era recordação , no peito um apertão

Autor desconhecido

O tempo reinou abrandando
A criança de dez anos, pouco apouco se amoldando
Transformou-se em mocinha, educada senhorinha,
Com cabeleira de ébano cutucava corações
Provoca  suspiros, mexia com emoções.

Sete anos  passados, era hora de voltar
Não seria uma visita, não era  férias escolar
Isso não perdia de vista,  retornava a seu lar
Terminara o normal com muito orgulho e amor,
 A normalista promissora tornara-se professora.

Passou um ano ensinando
Onde fora uma aluna feliz
Não era só magistério
Havia em seu coração
Um agradável mistério.

O seu nome era Álvaro, apelidado Alvinho
Abrira seu coração entrara de mansinho
A recíproca foi total, não houve incerteza
Um amor juvenil carregado de pureza.

Negada a permissão para iniciar o namoro
Pensou, conversou, pensou
Não perdeu tempo com choro
Certo do sentimento, que lhe invadira a alma
Resolveu com toda a calma
Aceitar a proposta e se revelou disposta
A viver aquele amor, dando um sim por resposta.

O pai como se pressentisse
Chamou a filha e disse
Voltará aos estudos, fará o vestibular
As Dorotéias, suas velhas conhecidas
A você darão guarida
Na cidade do Recife, no colégio São José
Parte em breve, não insista.

Com o destino traçado
Avisou ao amado o que pai lhe dissera
Com a ajuda de amigos
Naquele dia bonito, vinte e dois de fevereiro,
Do ano de quarenta e oito,
Fugiu não muito serena, pra usina Santa Helena

Autor desconhecido

Por João Gomes Pereira e Emíria
Foram logo hospedados
Assim podiam aguardar, com calma e preservados
O rebuliço causado por inusitada atitude
Deu ao céu de brigadeiro
Um ar de negritude

Foram dias de tensão, alegria, dor, emoção
Finalmente a notícia  que lhes apertava o coração
O casamento ocorreria, entretanto o pai não iria
E  a mãe da nova também não permitiria
Estava insatisfeito e por isso deu um jeito
Deixando claro pra todos que isso era efeito
De ser contrariado derrubando seus conceitos.

Para os jovens restou o contentamento
Pelo desejado casamento
A conduzir o processo, desde a documentação
Traje e cerimônia, na mansão da João Machado
Tudo foi organizado por Luiz Ribeiro e Nanhã
Até que o amanha tornou-se  o grande dia
Era dezenove de março, dia de São José
Padroeiro da Família, manso de coração, digno de devoção.

Casados foram morar na Fazenda Pacatuba
Cercado por pássaro, arvores, flores, natureza
Num capricho sem igual havia de grande beleza
Uma queda d’água,  límpida,  muito fria e cristalina
Que produzia um efeito de reencontrar a menina
Eram risos e afagos, carinho e muita ternura
E assim iniciaram sua grande aventura.

Autor desconhecido

Em fevereiro de cinquenta o casal abençoado
Pode enfim comemorar, juntinhos, abraçado
O nascimento na Capital João Pessoa
De Paula Frassinette, uma homenagem justa
A fundadora da ordem, das Irmãs Dorotéias
Primorosas na educação e brilhantes nas ideias.

O casamento frutificou e numa visão renovada
Mais uma notícia por demais iluminada
Também na casa da avó, para garantir a prole
Acreditem não foi mole, veio ao mundo  José Álvaro
Um bebê grande e forte com cinco quilos e porte
Parecendo um principezinho sorrindo com a própria sorte.

Viviam a melhor fase da vida, eram jovens e sadios
O mundo lhes pertencia, aos filhos bendiziam
E nesse ritmo de amor, quebrando uma escrita
Nasce Maria de Lourdes,  em casa, Santa Rita,
Menor que os dois primeiros apressada e ligeira
Só deu tempo a parteira chegar e decretar
Que seria uma besteira vir para João Pessoa
Não havia mais tempo e a criança estava boa.

Nesse relação amorosa, como em todo casamento
Sucediam-se os momentos, amor,  concórdia e paz
Ciúmes, intrigas e brigas,  porém  é preciso que diga,
Casamentos como esse não acontecem mais

Com respeito e amor, foram sempre apaixonados
Aumentaram a família num dia abençoado
Uma boneca nasceu, com grandes olhos castanhos
Com nome sugestivo pronta para um abraço,
Maria do Socorro contrariou previsões
Não era um menino
Ela chegou radiosa, tal notas de um violino.

A vida continuando, de corre corre diário
Entre a casa, marido, filhos, padaria e grupo escolar
Testando a resistência, trabalhando sem parar
Transformando-se  sem mudar , conservando a essência
Pedindo a Deus paciência para a lida enfrentar.

Autor desconhecido

Os anos foram passando e quando ninguém esperava
Uma surpresa deságua naquela casa feliz
Chegou a vez de Fábio, tão pequeno e tão danado
Mais um filho pra fechar e ela comemorou
No peito o coração vibrou, foi DEUS quem mandou.

Luzia tem muitos recursos, sempre gostou de ler,
Educadora capaz, dona de casa eficaz, profissional sagaz
Entretanto em nenhum aspecto, por maior que fosse a paixão
Superou a veia materna, sua grande vocação

Assim a vida caminhou com suas múltiplas facetas
Alegrias e tristezas, coisas boas e ruins,
As perdas avolumando, as saudades aumentando
A família renovando.

 Perdendo  o companheiro
Seu amor o tempo inteiro que para o Pai regressou
Numa madrugada sombria era trinta aquele dia
Outubro era o mês, do ano de noventa e sete
Não há como definir
A dor, a ausência, o pesar e o sentir.
Autor desconhecido


Mas, a natureza sábia e o tempo invisível
Trabalha com obstinação trazendo paz e alento
Adequando o sofrimento a vida em movimento
Luzia, doutora na vida, nos ensina
Com lições maravilhosas, com sorriso e muita prosa
Como andar de cabeça erguida, enfrentar a sua lida
Esquecer suas feridas, sorrindo vitoriosa.

Aos oitenta e dois anos, cercada de amor e carinho
Registra em seus caderninhos passagens interessantes
Momentos inesquecíveis, notas de seus estudos.
Registra um pouco de tudo
E puxa a sua história, visando a descendência
E se não falha a memória vamos listar agora,
Paula, Alvaro, Lourdes, Socorro e Fábio,
Filhos por ela amados, seres afortunados.



Em seguida vem os netos, que gosta de ter por perto
Fernanda, Giovana, Gabriela que não é cravo e canela
Ana Carolina, Ana Zéa e Álvaro Neto com ares de agente secreto
Frederico Charles e Maria Luzia, uma dupla com valia
Iuri que chegou cheio de prosa e lhe chama de idosa
Mas a lista agora cresce, e não é o que parece,
Vamos logo  nominar Luíza, Juliana, Júnior,
Daniela, Fabiana, Isabela, Ana Carolina,
Mariana e Raquel, quase acaba o papel.

Tem ainda os bisnetos, todos lindos e espertos
Emanuella a mais velha, Ana Cecília, Pedro Henrique,
Vitória, Fernandinho, Daniel, Maria Carolina,
Álvaro José e Gabriel, uma turma de tirar o chapéu.


Essa é Dona Luzia, chamada Luna em família,
Em pinceladas curtas  menor que seu merecimento,
Desde o nascimento até esses novos dias
Apenas instiga e atiça, no sentido da homenagem
A aquela que com coragem, de moça mimada  e frágil
Virando a página e a escrita
Decidiu seguir a vida, dar amor e dar guarida
Ao  sonho de um casal, livre e apaixonado
Escrevendo uma linda historia
que eu guardo na memória .

Autoria desconhecida

Todos sabem, acredito
É maior e não resisto
Meu amor por esse anjo
Que Deus a todos empresta
Celebrada nesta festa relicário
Comemora aniversário
Parabéns , nós te amamos
Também aniversariamos
e glória por tudo damos.


Um comentário:

Anônimo disse...

Querida prima Lourdinha, muito lindo e emocionante o cordel pra sua mae querida, minha tia Nuna como meu pai Claudionor a chamava e minha mae Maria Alves a chama. Meus olhos se encheram de lagrimas por ter o previlegio de ler palavras maravihosas sobre a vida da tia Nuna. Parabens a ela e a todos nos. Por pouco tempo que vivemos em Joao Pessoa, Brazil, eu e o Gary fomos recebidos por tia Nuna, vc, esposo e familiares com muito amor e alegrias. Saudades de todos. Continue escrevendo o seu blog e muito sucesso...kisses...primos Claudete&Gary