FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE.
O
Papa Francisco esteve no Brasil. Chegou humilde, simples, com um sorriso largo,
os braços abertos, as mãos estendidas. Trouxe mensagens de Fé, Esperança e
Caridade estampadas no rosto.
Logo
ao iniciar o programa previamente estabelecido foi apresentado ao jeitinho
brasileiro. Viu-se preso num engarrafamento, cercado por pedestres ansiosos por
um sorriso, um gesto, um toque ou até mesmo uma palavra. Francisco mostrou a
que veio, paciente e sorridente abraçou a multidão distribuindo simpatia,
docilidade, acessibilidade. O imprevisto – pelo menos para o visitante – não
arranhou o seu humor, a sua disponibilidade.
Como
todo homem público, abraçou a multidão, beijou e levantou nos braços
criancinhas, distribuiu humildade, coerência e amor. Nele tudo é novo. É o 266º
Pontífice, o primeiro nascido no Continente Americano. Em mais de 1200 anos de Papado é, também, o primeiro não
Europeu e o primeiro Jesuíta a tornar-se Papa, sendo eleito aos 13 de Março de
2013, no segundo dia do conclave. A célebre indagação se aceitava a escolha? Disse:
"Eu sou um grande pecador, confiando na misericórdia e paciência de Deus,
no sofrimento, aceito". (Fonte Wikipédia – a
Enciclopédia Livre)
Nascido
em Buenos Aires, filho de um trabalhador ferroviário e de uma dona de casa, foi
batizado com o nome JORGE MÁRIO BERGOGLIO. Graduado e pós-graduado com Mestrado
em Química, na sua juventude foi acometido por uma doença respiratória que o
fez perder um pulmão. Em 1958 entrou para a Companhia de Jesus, fazendo o
noviciado e, ainda em Buenos Aires, graduou-se em Filosofia e Teologia.
Posteriormente fez seu Doutorado na Alemanha.
Francisco,
além de sua língua materna o espanhol, fala, fluentemente, Italiano, Alemão,
inglês e Francês. O anúncio de sua escolha – Habemus Papam – por Jean Louis
Tauran informou aos Cristãos o seguinte: “Anuntio vobis gaudium magnum: Anuncio-vos com grande alegria habemus Papam!
temos um Papa! Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum, O Eminentíssimo e
Reverendíssimo Senhor Dominum Georgium Marium D. Jorge Mario Sanctæ Romanæ
Ecclesiæ Cardinalem Bergoglio Cardeal da Santa Igreja Romana, Bergoglio qui
sibi nomen imposuit Franciscum.
Um
homem simples acostumado a uma vida de humildade e dedicação a sua fé e a
humanidade. No seu primeiro contato com
a multidão que rezava pelo Conclave, disse:
irmãos e irmãs, boa noite! “Vós sabeis que o dever do Conclave era dar
um Bispo a Roma. Parece que os irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim
do mundo... Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de
Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de mais nada, quero fazer uma oração
pelo nosso Bispo Emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o
Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde.”
Em
sua missão ao nosso País Francisco quebrou o protocolo. Preferiu passar pela
Catedral Metropolitana, ante de rumar para o Palácio Guanabara, como constava
na programação. Sua necessidade de estar junto à população, sentir-se no meio
da multidão, o fez optar por um passeio
no Papa móvel, na segunda feira, fato esse que não constava na agenda Oficial
do Vaticano repassada as autoridades brasileira. Francisco inovou, ainda,
quanto às características do veículo. O Papa móvel aberto
nas laterais, sem vidros de forma que houvesse contato físico do visitante com
os visitados.
Todos
os passos de Francisco no Brasil foram marcados por sua principal
característica: a humildade. Em seu
segundo dia entre nós, reservado para descanso, rezou uma missa privativa aos
Cardeais e freiras. Posteriormente tomou sorvete e comeu pão de queijo. A
residência Assunção, em Sumaré, acolheu o seu repouso, natural e imprescindível
para renovação física e preparação ao que deverá realizar.
Cumprindo
uma agenda cheia de interação, O Papa, em seu terceiro dia no Brasil
deslocou-se à Aparecida, a 217 quilômetros de São Paulo, onde maravilhou-se com
a demonstração de Fé dos peregrinos e, mostrou evidente emoção diante da
Santinha que de seu nicho parecia abençoar aquele que, como ela, remete as
pessoas a simplicidade, humildade. Nossa Senhora Aparecida, Padroeira de
Brasil.
No
Santuário celebrou uma Missa na qual enfatizou três aspectos que devem nortear
a vida dos cristãos: “Conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e
viver na alegria”. Uma cerimônia belíssima, marcada pela fé e pela emoção, onde
o Papa prometeu aos fiéis retornar em 2017, data em que serão celebrados os
trezentos anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida por pescadores, no Rio Paraíba do Sul, no ano
corrente de 1717.
Retornando
ao Rio o Papa visitou um Hospital para dependentes de drogas. – o Hospital São
Francisco – no Bairro da Tijuca, ali
abençoou dez pacientes, fez um discurso forte, chamando os traficantes de
“mercadores da morte. Em sua missão evangelizadora o Papa Francisco visitou, no
seu quarto dia no Brasil, a favela Manguinhos, ali dirigiu-se as autoridades ao
fazer a referência que “a pacificação é impossível, quando a periferia é
ignorada”.
Em
suas palavras foi mais longe ao dizer: " Queria lançar um apelo a todos que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social : não se cansem de trabalhar para um mundo mais justo e solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo". afirmou também: "Não deixemos entrar no nosso coração a cultura do descartável porque nós somos irmãos. Ninguém é descartável."
No quinto dia o Papa rezou pelos mortos
da Boate Kiss, em Santa Maria, ouviu a confissão de peregrinos, visitou jovens
infratores, rezou a Oração do Angelus e pediu que rezassem por ele.
Tendo
como principal compromisso do dia a Via Sacra, o Papa Francisco chegou a
Copacabana e viu-se cercado por um mar de fieis, estimados em três milhões de
pessoas, rios de gente, caracterizando a maior movimentação de pessoas numa
cidade brasileira até hoje. De todas as partes do mundo, bandeiras tremulando,
lençóis brancos nas janelas, pessoas chorando, rindo, todos integrados a uma só ideia: a fé.
Finalizada
a Via Sacra por volta das oito horas, o Papa dirigiu-se a multidão falando
sobre o significado da cruz de Jesus, esclarecendo que a cruz não é sinal de
morte e fracasso, mas de vitória. Dizendo: “Vimos acompanhar Jesus no seu
caminho de dor e amor”. “O que terá deixado a cruz de Jesus em cada um de vocês? As palavras caíram sobre a
multidão que vibrou em sintonia com o momento. Após seu discurso Francisco
retirou-se.
Em
seu sexto dia entre nós, Francisco celebrou a Missa na Catedral Metropolitana
de São Sebastião para mais de mil
Bispos, Padres, Freiras, religiosos e seminaristas, exortando-os a
deixarem de lado a indiferença e manterem diálogo, diálogo, diálogo, e também buscarem a periferia onde as “pessoas têm
sede de Deus”.
Saindo
da Catedral o Papa dirigiu-se ao Theatro
Municipal onde encontrou-se com Autoridades, Diplomatas, Políticos e Artistas.
Mais uma vez enfatizou o diálogo como meio de por fim a indiferença, ao
egoísmo e a
violência. No
almoço o Papa reuniu-se
com Cardeais e Bispos no Palácio João Paulo II, na Glória, zona Sul do Rio de
Janeiro. E
por fim, participou da Vigília de Oração, na praia de Copacabana, onde Ao falar
de futebol, o pontífice disse que "Jesus é maior do que a Copa do
Mundo".
Finalizando
sua passagem pelo Brasil, o Papa
Francisco celebrou a Missa de Envio, em Copacabana, no Rio de Janeiro, neste
domingo (28), fechando dessa maneira o ciclo da Jornada Mundial da
Juventude. Entre os presentes a
presidente Dilma - acompanhada da presidente da Argentina - Cristina
Kirchner e do presidente boliviano Evo Morales. O momento mais esperado ocorreu
com o anúncio da cidade sede da próxima Jornada, o que foi feito seguido da
Oração do Angelus, sendo escolhida a Cracóvia, na Polônia, cidade que receberá
a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude.
A
passagem do Papa Francisco entre nós foi marcada por palavras e atos que deram
vida ao seu discurso como; solidariedade, participação, simplicidade –
materializadas nas repetidas atitudes de descer do papa móvel pondo em alvoroço a segurança e, em meio à
multidão, abraçar peregrinos, pessoas que se colocavam nos lugares onde iria passar, pegar crianças em seu braços, abençoar a
idosos, jovens, se solidarizar com portadores de deficiência, visitar comunidades pobres, ir a casa
de pessoas extremamente carentes, conversar com pessoas com problemas com
drogas, ir a um hospital para com problemas com drogas e chamar a atenção das autoridades e da sociedade para o egoísmo, a frieza, a ausência de compromisso real com os verdadeiramente necessitados.
O
seu coração fraterno expôs-se ao se emocionar, ir as lágrimas, com o pequeno Natan de nove anos
que, entre lágrimas
pedia para aproximar-se do
Papa e que foi por aquele chamado ao papa móvel, sussurrando entre lágrimas ao
Pontífice o seu desejo de ser Padre. A emoção demonstrada ante o agradecimento
feito por D. Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro que, inclusive,
agradeceu, também, ao Papa Bento XVI que escolheu a cidade como sede da Jornada
da Juventude.
Despedir-se
de Francisco foi algo difícil, o Brasil, inconsciente, sem preocupar-se com a
missão Universal do Pontificado, acostumara-se ao sorriso franco, a face
receptiva, a voz mansa, porém firme, ao homem, ao Papa. Algo que coubesse na
repetida afirmação de que “ Deus é brasileiro”, desse modo o Papa poderia
tornar-se brasileiro e fazer do Brasil a sede da Santa Sé. Mas, sonhar já é
suficiente, nosso povo, nossas autoridades, nós, temos muito ainda a caminhar e
que essa caminhada seja profícua e sempre voltada no sentido do amor, da paz,
da compreensão, da humildade.
Francisco
já está de volta ao trono de Pedro. Que Deus o abençoe que a recíproca seja
verdadeira. “ Não esqueçam de rezar por mim, o Papa precisa de vocês”. Eu digo,
Não esqueça de nós, nos brasileiros precisamos muitíssimo de seu seu amor, sua
humildade, sua lição de vida, suas orações. Obrigada Francisco.
PARA UMA REFLEXÃO DO QUE
ESTAMOS FAZENDO DE NOSSAS VIDAS A FALA DO PAPA FRANCISCO AO FINAL DA
VIA-SACRA:
"Queridos jovens,
Viemos hoje
acompanhar Jesus no seu caminho de dor e de amor, o caminho da Cruz, que é um
dos momentos fortes da Jornada Mundial da Juventude. No final do Ano Santo da
Redenção, o bem-aventurado João Paulo II quis confiá-la a vocês, jovens,
dizendo-lhes: "Levai-a pelo mundo, como sinal do amor de Jesus pela
humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação
e redenção."
A partir de
então a cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais variados
mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com as situações de
vida de tantos jovens que a viram e carregaram. Ninguém pode tocar a cruz de
Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da cruz de Jesus para
sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem
três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na cruz, queridos
jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o
que terá deixado a cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta
cruz ensina para a nossa vida?
Uma antiga
tradição da Igreja de Roma conta que o apóstolo Pedro, saindo da cidade para
fugir da perseguição do imperador Nero, viu que Jesus caminhava na direção
oposta e, admirado, lhe perguntou: "Para onde vais, Senhor?". E a
resposta de Jesus foi: "Vou a Roma para ser crucificado outra vez".
Naquele momento, Pedro entendeu que devia seguir o Senhor com coragem até o
fim, mas entendeu sobretudo que nunca estava sozinho no caminho; com ele,
sempre estava aquele Jesus que o amara até o ponto de morrer na cruz.
Pois bem, Jesus
com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os
nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos. Com a cruz,
Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar,
sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam
por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os
presas de paraísos artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as
pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de
comida; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou
simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a
confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que
perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de
ministros do Evangelho.
Na cruz de
cristo está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo
com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz:
Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte
e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida.
E assim podemos
responder à segunda pergunta: o que foi que a cruz deixou naqueles que a viram,
naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós? Deixa um bem que ninguém
mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão
grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá
a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar.
Na cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia. E este
é um amor em que podemos confiar, em que podemos crer. Queridos jovens,
confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele! Só em cristo morto e
ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a
morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida:
transformou a cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de
amor, de vitória e de vida.
O primeiro nome
dado ao Brasil foi justamente o de "Terra de Santa Cruz". A cruz de
Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na
história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o cristo sofredor,
sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final.
Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha
compartilhar conosco.
Mas a Cruz de
Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos,
pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem
sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto;
ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes
estender a mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz:
Pilatos, o Cirineu, Maria, as mulheres...
Também nós
diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra
a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos. Queridos amigos, a
cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cirineu, que ajuda Jesus levar aquele
madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de
acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como
Pilatos, como o Cirineu, como Maria?
Queridos
jovens, levamos as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos
para a cruz de Cristo; encontraremos um coração aberto que nos compreende,
perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada
irmão e irmã com este mesmo amor. Assim seja!"
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