Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

DEZEMBRO.

            Este deveria ser um mês no qual tudo e todos se curvassem à ideia do renascimento Cristão. O mundo se vestiria de amor, se perfumaria com beijos e as pessoas, ao invés dos costumeiros meios de transportes, seriam levadas de um lugar para outro nas asas da imaginação, essas, movidas por brisa suave ou mesmo por movimentos mais fortes do ar, conforme a necessidade assim o exigisse.



            As pessoas se cumprimentariam, amavelmente; os patrões e empregados dispensariam, entre si, um tratamento cortês, sincero e prazeroso; nas repartições públicas, expressões negativas, incitação à baixa-estima, a desvirtuação de valores, seriam banidas e, cada um, de per si, seria estimado conforme os seus atos,  sua maneira de ser, aliando-se  a essas, virtudes como afabilidade, humanidade, dignidade e, em especial, habilidade no trato com os outros, como elementos intrínsecos à competência.


     Seria maravilhoso que tocados pela grandiosidade do aniversário de Jesus Cristo - celebrado pomposamente, quando deveria sê-lo amorosamente - cada indivíduo pudesse ser  influenciado, de modo a conscientizar-se de que os seus atos repercutem na humanidade, sejam bons ou maus e, que cada ação demanda uma reação.  

            Mas, que lástima!  Desejar que respeito,  amor,  humildade, razão e bons sentimentos estejam presentes, pautando comportamentos, parece integrar o reino da quimera. Que lamentável erro! Quão distantes da realidade estão tais anseios?  Onde se cogitou tais despropósitos? Partilhar com todos a “dádiva máxima” de um cumprimento, um bom dia, boa tarde, por favor, obrigada? Não! Isso inverteria a hierarquia. 

           E o que se dizer de empregados e patrões, chefes e chefiados, em conversações destituídas do “EU posso, EU mando, você é subordinado a MIM e, portanto, vai fazer o que EU disser? Seria muito bom. Não apenas politicamente correto, mas, totalmente adequado para que houvesse a boa prática de cordialidade e educada convivência.


       Infelizmente estamos nos distanciando cada vez mais de práticas públicas saudáveis. Digo públicas porque excedem os lares, extrapolam o privado, ganham às ruas, empresas, indústrias, lojas, as administrações nas diferentes esferas de governo e, até mesmo, aqueles nichos que sempre buscaram abrigar a excelência no serviço público. 



        A nação assiste, envergonhada, sucessivos escândalos e tentativas de blindagem. Ora são ocupantes de altos cargos Políticos no Executivo e/ou  cargos Legislativos, como os envolvidos no caso do mensalão. Ora cai sobre todos nós, como  uma bomba,  outros desmandos.



       O mais recente envolvendo a Chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo e, indivíduos à frente de Agências Reguladoras, criadas para fiscalizar a prestação de serviços  por seus regulados. Todas, estratégicas  ao funcionamento da máquina administrativa  no cenário da União. O imenso poder de Rose, as viagens reveladas, os diálogos mantidos e divulgados não deixam dúvidas sobre as falcatruas. Inclusive, ainda se insiste em demonstrar, no mínimo a título de “anunciada inocência” que: “O tempo passou e, na janela, só o Lula não viu.”
         Enquanto isso, no Rio de Janeiro, as autoridades constituídas ameaçaram a não realização da Copa, se debateram, exigiram,  xingaram e conseguiram: o petróleo não é mais nosso, é das grande construtoras, dos cartolas e dos políticos cada vez mais articulados. O veto presidencial baseado em "Direito Adquirido", esqueceu, entre outros,  a cobrança de INSS para aposentados – e aí, nesse caso,  onde foi parar o direito adquirido? 

            Aos gestores parecem não importar o caos instalado a partir de:

hospitais sucateados nos quais falta o básico, o essencial; as filas quilométricas em busca de atendimento na área de saúde, com espera de até de 10 (dez) anos, conforme reportagem realizada pela Rede Globo de Televisão, essa semana.



     A insegurança em todos os setores, com o banditismo circulando livremente entre ricos e pobres; nas repartições públicas instaladas na periferia e grandes centros, igualmente,  nos altos escalões administrativo, inclusive, eles, os bandidos, não têm preconceito na hora de assenhorear-se do alheio, independentemente da condição social, estado civil, cor ou credo, todos são vítimas em potencial.



       O déficit na educação pública, que não prepara o alunado, aprova os que não poderiam ser aprovados, em face de uma política de não reprovação e que recebe premiação em forma de engodo pela criação de  sistema de cotas, quando a tônica teria de ser o investimento maciço  na escola. Já dizia Pitágoras: “Eduquem-se os meninos e não será preciso punir os homens.”
       
         Rogo, incessantemente, que o nosso  despertar, qualquer dia desses, não encontre manchetes escandalosas denunciando a “subversão da hierarquia”, com o baixo clero impondo suas aspirações; ou   mesmo um  estranho quadro onde comissionados, cuja qualificação é a truculência, assumam, de direito, o comando de servidores e ações necessárias ao funcionamento dos órgãos.



       Torna-se assustador pensar algo pior, como "a galinha pintadinha", adorada pelas crianças,  por conhecimentos impensáveis de alcova, passar a dar ordens, nomear e exonerar altos escalões. 



  Mais terrível ainda, imaginar uma hipotética dupla do "Patati e Patatá", envolvidos em propinas, obtenção de vantagens, defendendo interesses escusos, ganhando dinheiro sujo (desculpem o pleonasmo) e fazendo tráfico de influência.



    Peço, ainda, o direito de não ter que enfrentar, para meu particular sofrimento, a notícia de uma CPI  contra "anjinhos barrocos",  sim - porque aquelas caras interrogativas e risos sarcásticos -....hum..., é melhor não deixar passar pois se poderá incorrer em  impunidade.  Afinal, a inquisição queimou mulheres que sorriam demais.



   A Operação Porto Seguro, traduzida na costumeira sátira nacional como "Rosegate", mostra a sedução e o poder.  Além de ratificar a insegurança do Estado Brasileiro em confronto direto com a corrupção traduzida em nomeações para postos estratégicos, venda de pareceres  fraudulentos a vigaristas travestidos de empresários - por quadrilha especializada -  e a  compra de diploma universitário falso, tudo sugere um polvo que lança seus  tentáculos sobre o poder.




   Como se não fossem suficientes tais revelações, somos surpreendidos  com a  inimaginável situação do romance entre o homem que não sabia de nada e a mulher que sabia de tudo. Só DEUS, onipotente e onipresente,  dará o discernimento para que se consiga permanecer sadio ante às pressões exercidas pelo mal,  institucionalizado ou não,  sob aqueles que  repudiam “a pseudo normalidade de tais ingerências”.


   Por outro lado refletindo sobre partidos políticos e uma possível analogia a aventura real e atual de uma mulher que usa e abusa do poder, corrompe e se deixa corromper, RESTA ESCOLHER, como último refúgio às almas incansáveis na busca do ético, a doce alienação patrocinada  pelo  PAÍS DE ALICE ou pela PASÁRGADA.


   No país de Alice há criaturas extraordinárias e situações, a um só tempo absurdas, incoerentes, que levam a aventura e a identificar, na mesma obra, ocasiões criadas visando adultos e outras, declaradamente escritas para crianças.




   Na Pasárgada, paraíso imaginado por Manuel Bandeira há o registro dos dois mundos: o dos sonhos, onde só existe a felicidade e o real com suas dificuldades e negações. É a realidade, permutada pelas infinitas possibilidades do imaginário.




    Assim é o ser humano. Se há sofrimento e dor, a fantasia é válvula de escape que não implica em pagamento, na aquiescência do outro e, que mesmo sem plástica estética,  sem o embelezamento de uma polpuda conta bancária,  ou a virilidade conferida pela potência dos motores (leia-se: Lamborghini, Porshe, BMW, Mercedes-Benz, Ferrari), todos tornam-se super homens, senhores e autores de seu destino.

   Enquanto o espírito “dezembrino” não se instala, resta-nos compartilhar o equilíbrio patrocinado ora  pela alternância de Manoel Bandeira, ora pelo esculacho do inigualável Bezerra da Silva. Reflitam e Divirtam-se.

        
Vou-me Embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira




Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei


Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive


E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada


Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar


E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei


SE GRITAR PEGA LADRÃO -
Bezerra da Silva.   


                                                                                             
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um

Você me chamou para esse pagode,
e me avisou: "Aqui não tem pobre!"
Até me pediu pra pisar de mansinho, porque sou da cor,
eu sou escurinho...
Aqui realmente está toda a nata: doutores, senhores,
até magnata
Com a bebedeira e a discussão, tirei a minha
conclusão:

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um

Lugar meu amigo é a minha Baixada,
que ando tranqüilo e ninguém me diz nada
E lá camburão não vai com a justiça, pois não há
ladrão e é boa a polícia
Lá até parece a Suécia, bacana, se leva o bagulho e se
deixa a grana,
Não é como esse ambiente pesado, que você me trouxe
para ser roubado....

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um

Você me chamou para esse pagode,
e me avisou: "Aqui não tem pobre!"
Até me pediu pra pisar de mansinho, porque sou da cor,
eu sou escurinho...
Aqui realmente está toda a nata: doutores, senhores,
até magnata
Com a bebedeira e a discussão, tirei a minha
conclusão:

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um

Lugar meu amigo é a minha Baixada,
que ando tranqüilo e ninguém me diz nada
E lá camburão não vai com a justiça, pois não há
ladrão e é boa a polícia
Lá até parece a Suécia, bacana, se leva o bagulho e se
deixa a grana,
Não é como esse ambiente pesado, que você me trouxe
para ser roubado....

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um




Um comentário:

Anônimo disse...

Lourdes, no Brasil estamos necessitando de pessoas com dignidade, que conduzam com coerência , seu credo, suas ações, seus discurso e seus valores diferentemente da confusão generalizada que temos. A esperança é nossa forma de resistência.