O
INÍCIO.
Os seres humanos têm uma forma
cíclica de estabelecer acontecimentos que norteiam o seu cotidiano. Assim, é
natural que momentos considerados importantes fontes de energia para as
sociedades, sejam determinantes à realização de eventos que ocorrem e modificam
os comportamentos, os hábitos, as formas de relacionamento. Promovem uma
verdadeira desconstrução do que se coloca como rotina.
Comportar-se diferentemente do
que se vê ao longo do ano é um lugar comum no mês de Dezembro. Parecer mais
ansiosas, mais rápidas, mais resolvidas sobre si, sobre suas vidas e dos demais
que os cercam é, reiteradamente, o que se observa nesse período. Todo ano esse
ritual parece tomar conta de todos. Passada a ternura do Natal, inicia-se a
pseudo-mudança trazida a reboque pelo ano que se avizinha.
É tentador deixar-se levar pelo
clima de festa, de novo, de transformações que a última semana do ano parece
inspirar. Nada mais salutar. Afinal a época é de programar, correr, arrumar,
prever positivamente o “grand finale”, o término apoteótico de mais um ano em
nossas vidas.
Que tal sermos um pouco
curiosos? O que determina esse fechamento? Qual a origem dessa fixação? Pois é,
fui fazer Filosofia fiquei cada vez mais interessada em saber os por quês das
coisas. O essencial nesse caso – conclusão de mais um ano – é a definição da
data. Isso nos remete ao calendário e há controvérsia.
A primeira referência ao Ano
Novo, ainda tendo como guia da passagem do tempo as fases lunares, remonta há
2.000 Anos “ AC (antes de Cristo)”, na Babilônia (Mesopotâmia). Coincidia com o
período em que o sol se aproximava da linha do equador, produzindo dias e
noites com a mesma duração. Igualmente a Grécia, Fenícia, Síria, Egito e Pérsia
já comemoravam a passagem do ano, tendo em vista as fases da lua. O que nos
leva a constatar a origem pagã de tais festividades.
Ainda na idade antiga a
humanidade enfocou os seguintes aspectos para fundamentação do calendário: o
solar, o lunis-solar e as estações. Rômulo, um dos fundadores de Roma,
estabeleceu uma ano de 304 dias sem que houvesse qualquer correlação com a lua
ou com o sol. O calendário de Rômulo foi refeito pelo segundo Rei de Roma: o
sabino Numa Pompílio que determinou o ano com 12 meses, denominando o primeiro
deles de Januarius dedicando-o a Jano
que era o deus dos portões, tinha duas faces – uma olhando para frente, para o
futuro e outra olhando para trás, para o passado. Ao décimo segundo mês chamou
Februaris, dedicado ao deus Februa – da purificação dos mortos.
Sabe-se que o Ocidente passou a
comemorar o evento – passagem de ano -, em data fixa, a partir de Decreto
Imperial* emanado de Júlio César que em Roma fez a primeira grande alteração no
calendário para comemoração da suntuosa festividade. Posteriormente, o
imperador Juliano manteve a0 1º dia de Jano como o que iniciava o novo ano. Com
o calendário Gregoriano fixado em 1.852 a Igreja consolidou, definitivamente,
1º de janeiro, como o início do Ano Novo para a cultura Ocidental.
Há também outras datas para se
comemorar a chegada de mais um ano. Assim entre os Judeus o Rosh Hashaná
acontece entre setembro e outubro, também do calendário Gregoriano. Entre os
chineses a festa acontece entre final de janeiro e começo de fevereiro. Para a
comunidade Islâmica o Ano Novo somente ocorre a partir da segunda semana de
maio.
Muitas são as formas de
celebrações. Algumas são famosas, seja por seu luxo, beleza, espetáculo
pirotécnico, fartura e grandiosidade do evento ou mesmo por tornar-se um cartão
postal da Cidade, do Estado. Nessa seara destacam-se o Ano Novo de Nova Iorque,
Paris, Ilha da Madeira, região do Porto, Escócia, Chile, São Paulo, e o mais famoso do Brasil, o
réveillon do Rio de Janeiro.
Nem tudo é festa. Também não é
mudança ou renovação. Estranhamente e apesar do espírito de emoção e
esperança que invade a todos, permanecem as dores, as frustrações, a pobreza, a
ausência de oportunidades para todos, o desemprego, a fome, a corrupção, a
ausência de vergonha e as tentativas de ludibriar a boa fé dos brasileiros e os
ataques aos que insistem em não se deixar levar pelo mar de lama em que parece
afundar boa parte de “notáveis” brasileiros.
Mas, a persistência do sofrido
povo brasileiro faz dele sobrevivente. Mais que isso, resiliente. Capaz de debater-se,
ferir-se, ser ferido e reduzido a mero espectador de sua vida e, ainda assim
conseguir romper um círculo vergonhoso de exploração, saque ao erário,
confissão de incompetência, esboçando, timidamente, um sorriso com o anúncio
vindo da mais alta Corte desse País que
sinaliza a interrupção de condenações, prisões, achincalhação publica e
desrespeitosa, costumeiramente feitas a pobres, negros, prostitutas,
homossexuais.
É bem verdade que muita água
ainda vai rolar. Há advogados – teoricamente multiplicadores do respeito e
aplicação da legislação pátria – afirmando que a condenação não muda nada:
leia-se prestígio, importância e mandonismo. Há escritores se perguntando e
perguntado aos leitores os porquês das prisões, quando bastava dar uma rápida olhada
no site do STF. Enfim, mesmo diante de
fatos comprovados, acórdãos transitados em julgado, como diria o saudoso Francisco Milani: há
controvérsias.
Mas, temos diversão e distração para o tão desatento povo brasileiro. A Copa do Mundo. Aquela em nome de que bilhões foram gastos, multiplicaram-se os assessores, os convênios, os contratos e as peripécias financeiras a que o Brasil já se acostumou ver. Tudo é pressa, Não há a "necessidade" de prestação de contas para cada etapa que deveria ser concluída. A burocracia da prestação de contas do dinheiro público pode atrapalhar planos, criar obstáculos para que inocentes intermediários possam melhorar sua condição financeira. Os calendários não estão sendo cumpridos, há atrasos por toda parte. As notícias falam de empregados trabalhando 12:00 horas por dia, acidentes nas obras, atrasos, atrasos, atrasos... E as verbas destinadas as construções e infraestrutura continuam vertendo das generosas torneiras do erário. É realmente muito difícil não se deixar levar pela indignação. Revolta. Asco.
Mas, temos diversão e distração para o tão desatento povo brasileiro. A Copa do Mundo. Aquela em nome de que bilhões foram gastos, multiplicaram-se os assessores, os convênios, os contratos e as peripécias financeiras a que o Brasil já se acostumou ver. Tudo é pressa, Não há a "necessidade" de prestação de contas para cada etapa que deveria ser concluída. A burocracia da prestação de contas do dinheiro público pode atrapalhar planos, criar obstáculos para que inocentes intermediários possam melhorar sua condição financeira. Os calendários não estão sendo cumpridos, há atrasos por toda parte. As notícias falam de empregados trabalhando 12:00 horas por dia, acidentes nas obras, atrasos, atrasos, atrasos... E as verbas destinadas as construções e infraestrutura continuam vertendo das generosas torneiras do erário. É realmente muito difícil não se deixar levar pela indignação. Revolta. Asco.
Há algo mais no cenário Nacional. Preparem-se, vão ouvir muitas
promessas. O Ano Novo PROMETE. Sim estaremos num ano eleitoral. Existirão com
certeza, novos santos nos céus. Se necessitar de algo, não se faça de rogada
(o), os santos estarão no Município, nos Estados e também no âmbito federal.
Bom não gaste seus cartuchos, peça a quem pode resolver. Os intermediários
cobram caro, não asseguram resultados e, ainda, somem sem nenhuma explicação.
Mas, que tal iniciar de forma diferente, transparente? É, no dia 31 de Dezembro, mesmo com o ritual de roupa branca, familiares, amigos, parentes, música, comida e bebida a vontade, sempre há algo novo que pode ser feito. Sabe aquela vontade enorme que você tem de esclarecer algo... um assunto que lhe deixa triste, sem graça...ou mesmo um pedido de desculpas que há meses queima sua garganta, resolvê-los pode ser um excelente começo.
Ah, aquelas roupas que
abarrotam o guarda-roupa e que sempre tem sua permanência justificada; e os
sapatos que você não usa mais? Será que não fariam a diferença no Ano Novo de
alguém? É tão pouco e ao mesmo tempo tão significativo que só de imaginar o
sorriso de quem recebe dá ao ano que se aproxima outro tom.
Não se esqueça. Mesmo noite de
Ano Novo os moradores de rua também têm necessidade de alimentos. Se você não
se sente protegida para doá-los pessoalmente sempre tem instituições,
religiosas ou não, que fazem isso em grupo minimizando o perigo.
Pois é vamos nos reabilitar
para a vida. Vamos despertar para um novo dia. Deixar um pouco o nosso mundinho
particular, colocar a cabeça fora de nossa zona de conforto e colaborar
efetivamente para que o ANO NOVO seja também o ANO BOM.
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Um comentário:
Belo texto, suave, histórico, filosófico, lúcido e cheio de esperança! 2014 nos espera!
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