CÉTICA, EU?
Parodiando Willian Shakespeare
na famosa fala do príncipe na sua peça “A
TRAGÉDIA DE HAMELET: TO BE OR NO TO BE, THAT’S THE QUESTION” , OU: SER OU NÃO
SER, EIS A QUESTÃO, surge do meio do caos que estamos vivenciando uma outra
possibilidade. CRER OU NÃO CRER, EIS A CONFUSÃO.
Não estou fazendo piada. Até
poderia, pois segundo o cancioneiro popular e oportunidades vivenciadas, o que
dá pra rir dá pra chorar, questão só de peso e medida. Problema de hora e
lugar... Também não estou me referindo a Credos, Religiões. A minha tenho-a bem
definida, sem dúvidas e sem fanatismo.
Uma outra questão, com
múltiplas facetas, me fez ver a
dificuldade do povo brasileiro, pelo menos a parcela que se dispõe a pensar, a construir
verdades sobre complexas atuações das populações, dos governantes, de
corporações. São muitas as identidades que podemos atribuir aos atores sociais
que enchem os noticiários de forma tão antagônicas e que colocam em xeque
direitos universalmente consagrados.
Num momento tão crucial para o
Estado brasileiro desacreditar é extremamente prejudicial. A sociedade mesmo
diante da diversidade constrói pontos comuns em que alicerça suas crenças.
Ações afirmativas repetidas qualificam o grupo, o indivíduo e corroboram seus argumentos
criando verdadeiras identidades sociais.
Ter consciência de como a comunidade
reagirá diante de um problema cria uma assinatura para o grupo. Sempre que
ressurge aquela situação há a possibilidade de se fazer uma previsão sobre o
que advirá dela.
Um povo tradicionalmente leve,
até certo ponto despreocupado. Sem grandes indagações e que foi visto,
erroneamente, com preocupações tão somente relativas a Futebol, Carnaval e
Mulatas. Entretanto, aparentemente, houve
uma mudança substancial no marasmo em que se encontravam as populações
adormecidas. Infelizmente e como diria o magistral Francisco Milani: há controvérsia.
Gostaria muito de não ter visto,
por vezes, o efeito boiada. Poucos sabendo o que estavam querendo e muitos
seguindo os guias sem avaliarem exatamente o que estava acontecendo. Outros,
ainda, como uma manada enfurecida aproveitando o momento e dando vazão a
instintos puramente animalescos.
Torna-se difícil a missão
proposta.
Os Movimentos Sociais, em sua condição histórica reformadores das Sociedades, na atualidade, na efervescência das reformas, mostra novos cenários que mudam a cada hora sem que consigam demarcar territórios, sem que se legitimem nas defesas ou consigam perpassar o impacto inicial trazidos nos primeiros momentos.
Os Movimentos Sociais, em sua condição histórica reformadores das Sociedades, na atualidade, na efervescência das reformas, mostra novos cenários que mudam a cada hora sem que consigam demarcar territórios, sem que se legitimem nas defesas ou consigam perpassar o impacto inicial trazidos nos primeiros momentos.
É inegável que junho de 2013
trouxe um marco para o Brasil. A presença de milhões de pessoas espalhadas por
todo o território federal proporcionou aos jovens, aos adolescentes e aos
adultos já esquecidos de conceito básicos de liberdade, democracia, luta pela diminuição
da desigualdade social, fazer memória de tempos idos quando a mobilização
social mostrava a cara da insatisfação, do desejo de mudanças, da
conscientização.
É junho passou. Ficou para trás
levando consigo toda aquela comoção patriótica no seu mais belo sentido. O
povo, pelo povo e para o povo. E o que se vê? Manifestações canhestras, Black
blocs, governantes que fazem de conta, políticos que empurram sujeiras com a
barriga, numa bem sucedida tentativa de manter tudo como está. Raios, tempestades, cobras, lagartos, discursos, quebra-quebra, políticos posando de salvadores da pátria fazendo teatrinhos internacionais, rios de dinheiros desviados e, enquanto isso, pelo menos dois dos cavaleiros do Apocalipse correm solto pelo Brasil.
Em quem acreditar? Segundo
Guilherme Fiuza – jornalista, autor do livro “Meu nome não é Johnny”- “SE VOCÊ
SEU DISTRAÍDO AINDA NÃO ENTENDEU O QUE DIZEM AS RUAS, AQUI VAI, NUMA PALAVRA:
NADA.” E diz mais: “O Brasil anda muito
ocupado com passeatas para ficar prestando atenção a escândalos...enquanto isso
os escândalos continuam, esquemas
parasitários continuam assaltando os cofres públicos, com seus convênios de
capacitação do nada, e sua tecnologia de institutos mundiais de empulhação.”
Bom, vocês não sei como recebem
tão explícita síntese do momento brasileiro. Confesso que me “agradaram” em
cheio os convênios de capacitação do
nada e a tecnologia de institutos mundiais de empulhação. Sim,
porque sempre me perguntei a razão de
tantos convênios assinados antes que se fizesse a prestação de contas em aberto
ou que os capacitados empregassem as
novas habilidades no seu dia a dia
funcional. Quem sabe lendo a "Desinstalação da Empulhação" de Affonso Romano de Sant'Anna , pobres mortais consigam entender tão refinada situação.
A tecnologia dos institutos de empulhação, essa é magistral. Afinal se vê todos os dias parlamentares, altos funcionários, dirigentes e governantes distribuindo títulos “honoris causa” a ladinas figuras que crescem em conceito e remuneração sem contraprestação de qualquer espécie. Torna-se cada vez mais complicado acreditar em alguma coisa no cenário atual.
E os black blocs brasileiros,
cujo crescimento nesse último trimestre deixa claro o espírito de imitação de
uma parcela de falsos militantes. Tais “cópias”
conseguem superar os originais nos quesitos sordidez e violência. Assim,
como alemães dos anos 70, os Black blocs
usam preto, cobrem o rosto, praticam toda sorte de vandalismo quebrando bancos,
estabelecimentos comerciais, incendiando ônibus, depredando equipamentos públicos. A Edição de VEJA, cuja capa é ilustrada, aparentemente com participantes do grupo, trouxe em seu interior a matéria "O BANDO DOS CARAS TAPADAS". Interessantíssima.
O cidadão consciente sabe a
meta dos desordeiros: tirar das ruas as pessoas de bem. Não são militantes, não
são cidadãos lutando por direitos, são bandidos, desocupados, baderneiros. Mas,
há perguntas que não se calam: haverá
orquestração por trás de tudo isso? Os
gestores tão hábeis em atribuir a oposição a culpa de tudo está muda? A quem
interessa retardar mudanças? Novamente a
inquietação, não há para quem ou no quê creditar o crescimento de tão
pernicioso grupo.
E a polícia como se porta num
momento de tanta controvérsia? Em completa sintonia com a ocasião. Ou seja,
como um saco de gatos. Puxa para um lado, puxa para outro, arranha quem se
aproxima e parece caminhar as cegas. É lógico que seria imprudência, loucura,
tentar dialogar com indivíduos como os Black blocs, que vão para esvaziar as
ruas daqueles que buscam direitos, ainda que não saibam quais.
O problema está em não saber
diferenciar as pessoas. Assim receber professores com balas de borracha, spray
de pimenta e pancadaria mereceu registro na mídia em todo o Brasil. O
jornalista Wellington Bahnemann – Agência Estado – publicou o seguinte texto: “Na
manifestação do último dia 1º, o comportamento da PM foi bastante criticado. As
imagens flagraram policiais alegando injustamente que um jovem carregava um
morteiro e captaram um policial em cima do prédio da Câmara Municipal jogando
pedras contra os manifestantes. Além disso, a foto de um policial, postada no
facebook, com um cassetete quebrado e a legenda "foi mal, fessor"
gerou também bastante polêmica e críticas.”
Mais uma vez a indagação:
acreditar? Em que? A Polícia que teoricamente estaria presente para garantir o
direito de manifestação, a ordem a integridade física das pessoas – dos
cidadãos – tem reproduzido ações extremamente nocivas, equivocadas, inclusive,
com declarações inoportunas.
Quero acreditar que benéfico à
sociedade, ao povo brasileiro seria a invenção de Ruth Aquino: Um recall para
políticos com defeito. E como sempre acontece,
por imitação, se faria recall para: cidadãos que abaixam a cabeça e
seguem a turba; “Movimentos sociais” cegos que não sabem para onde vão ou o que
pretendem; Policiais que descontam suas
frustrações no ambiente de trabalho – nas ruas; governantes inocentes que
desconhecem espionagem internacional;
tiranos de operetas que jogam as regras para debaixo dos tapete...a
lista é longa e a paciência das pessoas há muito chegou ao limite.
O recall que segundo o Aurélio
“é a convocação que o fabricante ou distribuidor faz ao consumidor, para
retorno do produto já vendido, no qual se descobriu, posteriormente, defeito ou
problema”, cai como uma luva ao nosso presente
e talvez trouxesse de volta a crença nas
pessoas, nas instituições.
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