PATCH ADAMS VIRA ESTRELA!
Tive o privilégio de conferir, na
sétima arte, a pureza, a profundidade de vários personagens levadas a extremos por seu intérprete. Um ator
singular, capaz de dar vida e voz a uma figura cênica sem que
para isso necessitasse expressar um gesto, uma só palavra. O seu rosto, seu
olhar, nos transmitiam as mais variadas emoções.
Com ROBIN WILLIANS Hollywood chorou, sorriu, se emocionou, foi tomada pela
ira, pela dor, pela esperança, pelo amor, humanizou-se e compartilhou as mais
belas sensações repassadas por seu talento, sua performance a cada dia mais
inspirada e em perfeita comunhão com a arte.
Versátil, ia do riso escancarado
a dor, ao desencanto, sem perder a credibilidade. Era denso na composição de
seus papeis, incapaz de se contentar com o ato de interpretar, vivia os seus
personagens como se foram únicos, como se tivesse assumido uma só proposta em
sua vida: atuar materializando a ficção, tirando-a do roteiro e trazendo-a para
diante de nossos olhos, desnudando nossas almas, revelando o que ia por nossos
corações ante a magia de suas interpretações.
Não há exagero, perdemos um artista
brilhante. Uma figura célebre, lembrada não só por sua genialidade, mas e
também por sua capacidade de doar-se. Seu amor ao próximo não se prendia a
tela, não era contido pelas luzes dos sets onde a emoção fictícia tornava todos
semelhantes.
Dono de uma alma sensível e
fiel as suas amizades não poupou esforços para minimizar o sofrimento de Christopher Reeves, amigo nascido na mesma cidade e que também fez sucesso como ator. O companheiro que ficou tetraplégico
ao cair do cavalo. Sua afeição e cuidados para com o amigo doente, triste e sem
esperanças, o levou ao Hospital disfarçado de médico russo, portando máscara e
equipamentos, arrancando risos daquele que se debatia entre lutar contra suas
dores e simplesmente entregar-se a própria sorte. Não ficou
apenas nessas ações. Ajudou a pagar todas as contas médica daquele que fora seu
companheiro de Universidade, até sua morte. Consagrou-lhe o prêmio Cecil B.
DeMille, do Globo de Ouro.
Robin Williams e Christopher
Reeve foram colegas de quarto na universidade onde estudaram dramaturgia e
viraram amigos para a vida toda. Antes mesmo de qualquer um deles ficar famoso,
eles fizeram um pacto de quem quer que fosse bem sucedido seria obrigado a
ajudar o menos sucedido. Deveriam se ajudar mutuamente. Não houve ruptura do
acordo com a morte do amigo.
Dois anos após o falecimento
daquele a esposa de Christopher morre vitimada por um Câncer. ROBIN WILLIANS não
titubeia, adota o filho do casal e passa a criá-lo. Numa fantástica
inversão, a vida imita a arte. Pois é, digno e generoso na vida
real. Magnífico e inimitável na vida artística.
Quem não viajou com Robin no emocionante Bom dia, Vietnã? Quem não se derreteu,
literalmente, diante daquela piscina de macarrão improvisada por Patch Adam?
Como deixar de sentir –se um adolescente motivado a pensar por John Keating, um professor diferente? Impossível não encher-se
de ira ante a insensibilidade de alguns quanto a menção a Sociedade dos Poetas Mortos pelo incrível Capitão? E
o Peter Pan adulto na Volta do Capitão
Gancho? Como Midas, tinha um toque de ouro.
Bem sucedido na Televisão, no Teatro, no Cinema, na Comédia Stand up, entusiasta dos Videogames viveu intensamente suas opções. Casou duas vezes, foi pai biológico de três filhos e pai adotivo de Willians Reeves. Teve sérios problemas com drogas e álcool. Abstêmio por 20 (vinte) anos, voltou a beber desenvolvendo problemas de saúde que o obrigaram a uma cirurgia cardíaca. Tornou-se vegetariano a partir dessa enfermidade.
Filantropo por natureza, criou,
com sua mulher Marsha, a “Windfall
Foundation” para arrecadar fundos destinados a diversas obras de caridade.
Apresentou-se em eventos diversificados como o Comic Relief;
participou de uma cover de "It's
Only Rock & Roll", dos Rolling
Stones; se apresentou para as United
Service Organizations, sempre captando recursos para ações filantrópicas.
“Após o terremoto de
2010 na Nova Zelândia, Robin Williams doou tudo o que foi arrecadado
em sua performance da turnê Weapons of
Self Destruction, em Christchurch, para ajudar no auxílio à
reconstrução daquela cidade.” Fonte Wikipédia a Enciclopédia Livre.
Que pena. Deixou-nos órfãos de
sua presença, de sua arte. Levou-nos o riso frouxo provocado por sua graça e
atuação. Partiu, dando-nos a sensação de que jamais teremos o improviso genial
com que caracterizava suas interpretações. Transmutou-se, não está mais na
calçada da fama, também não está mais em Hollywood, assumiu, para a eternidade PATCH
ADAMS, virou uma estrela cintilante que lá no alto ilumina a todos com seu sorriso, seu rosto amigo.
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