Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

PAIXÃO E SALTO ALTO

UM POUCO DE BRILHO!


Tenho tratado nesse convívio virtual, de temas os mais diversos possíveis. Alguns sérios, cheios de significados, outros apenas desencadeadores de paixões, sem maiores relevância, destinados a preencher um pouco do ócio a que nos impomos quando as obrigações nos sufocam, os deveres exaurem nossas forças e a responsabilidade torna-se um peso. Pois é, ninguém é de ferro.


É claro que pessoas torcerão o nariz ante tão estranha escolha. Outras ficarão curiosas, o que não significa aceitação e muito menos endosso ao tema. Acreditem, as vezes necessitamos nos deixar levar pelas asas da imaginação, sem compromissos, sem maquiagem, sem preocupações quanto a diversidade de opiniões.


Desde criança fui fascinada por sapatos altos. Olhava-os e me imaginava andando por toda a casa, saindo, indo a igreja, ao cinema, mostrando ao mundo que eu também podia  usar aquele símbolo de feminilidade, aquele algo mais que valoriza a silhueta, que nós dá a sensação de sermos mais altas, poderosas. 


Lembro que por evocar essas lembranças,  guardadas no fundo de minha alma, sempre fui condescendente com minhas sobrinhas, minha filha, netas e todas as crianças que, tendo acesso aos meus sapatos, repetiram um gesto tão meu, tão conhecido e que de tanto ser reproduzido ganhou um salvo conduto, passando a ser, gentilmente, tolerado.


O fascínio que o salto exerce não é privativo meu ou das crianças e mulheres de minha família. A humanidade desde há muito tem no salto alto um objeto de desejo. São inúmeras as versões que buscam esclarecer as origens do salto alto, entretanto é uma constante que esses, em todo o tempo, carregaram forte simbologia. Assim, foram usados saltos no Egito, na Roma antiga, na Turquia, no Japão, na China, na França ...,  sempre cheio de significados.



Longe do glamour, no Egito antigo eram usados por açougueiros que precisavam ter seus pés protegidos do sangue dos animais abatidos. Nos haréns e nos bordéis, da Turquia e China, eram instrumento de dominação, a beleza que por acaso  invocasse tornara-se neutralizada pela função de impedir fugas. O sentido estético fora  engolido pela repressão.


Entretanto somente veio a ser visto como marca registrada - forma de se vestir - a partir de Catarina de  Médici, cuja estatura baixa  a fez buscar sapateiros italianos, exímios artesãos que confeccionaram seus sapatos de forma a aumentar a sua altura e diminuir sua insegurança, pois o poderoso Duque de Orleans, seu marido e que, posteriormente, tornou-se rei da França, era alto, fazendo-a ainda menor e mais frágil. O sucesso dos saltos e sapatos da Duquesa, transformada em Rainha, mereceu um Decreto Real restringindo seu uso apenas à nobreza.


Mas nem tudo era dor ou horror. O salto, desde muito cedo, teve descoberta a sua verdadeira vocação. Por alguns períodos foi usados indistintamente, servindo a homens e mulheres, porém caminhou com a humanidade. Em determinado momento tornou-se eminentemente feminino. Fez a diferença, foi o luxo, a riqueza, o fetiche que separava as mulheres comuns daquelas que supostamente satisfariam desejos, prazeres,  distinguindo-as conforme a classe social.


Muitos séculos são passados e o sapato não desce do salto. Não pode, é impossível, ninguém em sã consciência é capaz de negar o seu poder. Sua história confunde-se, ora com a saga da mais antiga profissão - a prostituição; ora com o enquadramento social das pessoas, rico, nobre, pobre; ora com a fama e a elegância. 


O mundo do cinema, com destaque para Hollywood, criou mitos, popularizou estrelas, difundiu sensualidade e beleza, tornando o salto alto muito mais do que um coadjuvante, fazendo-o um acessório indispensável ao vestir. Cenas carregadas de  luxuria quase sempre detinham-se em pernas perfeitas, sob  sapatos de saltos finos e altos com o dom de estimular a imaginação de homens e mulheres. 


Num mundo dominado por homens, naturalmente donos de estatura maiores e mais fortes que a feminina, enclausuradas e até bem pouco tempo desestimuladas intelectualmente, sob o domínio de seus pais, irmãos e/ou parentes, coube à mulher  um papel de vilã, dissimulada. Seus anseios de liberdade patrulhados, diuturnamente, pelas figuras masculinas, usaram e abusaram dos saltos altos como forma de enfrentamento.  


Do alto daquele pequeno instrumento, misto de prazer e tortura, sente  e pode experimentar  o gostinho do domínio . Sim, por que algumas criaturas que envergam ditatorialmente calças masculinas, tornam-se, subitamente,  cordeiros, plácidos,   ansiosamente a espera de um olhar, de atenção e quem sabe, de um afago, vindo da dona daquele irresistível sapato vermelho, brilhante e com perigosos saltos agulha. E para que não digam que não falei de flores, de repente, pode ocorrer que no recinto, criaturas lindas transformem-se vermelhas de inveja.

A FANTASIA:

A REALIDADE: 


 A TORTURA:


 A DOR:


 A ACROBACIA:

 
O INIMAGINÁVEL:

 
 
 A BELEZA É FUNDAMENTAL : 

O BRILHO:


O FETICHE:


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