E TRABALHADORES.
Hoje
convido-os a fazerem um passeio por algo que sempre ouvi dizer: ”o trabalho dignifica o
Homem”. Antes de qualquer coisa quero esclarecer aos mais novos que esta expressão é
– evidentemente – antiquíssima e como tal, refere-se à humanidade no masculino. A palavra Homem toma a conotação de ser humano, naturalmente, naquela época, representado pelo sexo masculino.
Nosso
texto será um pouco diferente de todos os que eu trouxe para vocês, pois tentarei um contraponto. A nossa viagem desnuda, um pouco, as peripécias do
trabalhador ao longo de sua existência.
Na Bíblia Sagrada o trabalho, no primeiro momento, toma a conotação de castigo. No Livro do Gênese, após a introdução da chamada “culpa original”, no capitulo 3: 17, 19, disse o Senhor: "....maldita seja terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida . Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes a terra de que foste tirado; porque és pó, e em pó te hás de tornar."
Ainda, por suas convicções
religiosas, o Ocidente enquadra a preguiça entre os "Sete Pecados Capitais" , esse
entendimento reforça a idéia de que trabalhar é algo relacionado a dor, a agonia. É nessa reiteração que se poderia
colocar o trabalho não como algo dignificante e sim como punição, infâmia.
Registra o Livro Sagrado do Catolicismo que os trabalhos executados mais
amiúde eram: lavrar a terra; apascentar as ovelhas; pescar; fazer e
cozer tijolos; a carpintaria; o comércio; a
cobrança de impostos; magia e interpretação de sonhos; o recenseamento;
fabricação de armas e jóias; copismo; Judicatura e a prostituição feminina, entre outros.
Por outro lado, etimologicamente
falando, o vocábulo latino que dá origem a nossa expressão “trabalho” é "tripalium", uma ferramenta de mortificação, tortura. Igualmente,
a palavra "labor", em latim, quer dizer esforço penoso, vergar-se
sob o peso de uma carga, angústia, dor e cansaço.
Antigas sociedades como a grega e a romana desqualificavam o trabalho,
cultuavam a vida contemplativa, as atividades espirituais, culturais, políticas,
a dança, a arte militar. Os ofícios mortuários, para os gregos, eram considerados desonrosos e exercidos por pessoas do povo, sem qualificação.
Os nobres, os senhores proprietários, os homens livres que possuíam terras e outros bens, dedicavam-se a guerra, a política ou mesmos a quaisquer outras atividades que não se constituíssem trabalho, atribuição física. Inclusive, não existia em nenhuma das duas civilizações uma palavra correspondente a trabalho, como se conhece hoje.
Os nobres, os senhores proprietários, os homens livres que possuíam terras e outros bens, dedicavam-se a guerra, a política ou mesmos a quaisquer outras atividades que não se constituíssem trabalho, atribuição física. Inclusive, não existia em nenhuma das duas civilizações uma palavra correspondente a trabalho, como se conhece hoje.
Entretanto a expressão aparentemente de fácil compreensão: "o trabalho dignifica o homem", desperta em mim a sensação de que há algo mais a ser analisado.
Acredita-se que ele - o labor - permite ao ser humano legitimar-se na sociedade,
sustentar-se, manter aos seus, colaborando com o desenvolvimento de sua
comunidade.
Mas, o respeito aos trabalhadores maravilhosos que deixam em suas atividades diárias,
o cansaço de seus braços e pernas, o limite de suas forças, o suor que brota em
suas frontes, a paciência e o desagradável exercício de “engolir sapos”, no enfrentamento de
situações por vezes grotescas, cômicas, se não fossem tristes, é o que nos impulsiona a refletir sobre tal honraria.
Porém
a data não é de tristeza, comemorar, sorrir, seguir em frente , até porque o
trabalho, no mínimo, nos ocupa e livra da terrível sensação de que não fazemos
falta.
QUÃO DIGNIFICANTES FORAM OU SÃO ESTAS PROFISSÕES?
CARPIDEIRAS - Profissão das mais antigas do mundo, na Grécia essa mulheres vestiam luto e choravam profusamente nos velórios de pessoas totalmente desconhecidas, percebendo pagamento pelo pranto. As carpideira tornaram-se célebres e os velórios importantes era obrigatória a presença daquelas. A Bíblia registra o uso de uma carpideira para iludir Davi e permitir a volta de Absalão a Jerusalém.
ORGANIZADOR DE ORGIAS- Não pensem no significado atual da palavra. A orgia a que nos referimos não incluía desordem ou sexo degenerado. Eram festas cuidadosamente planejadas por religiosos, entre esses, sacerdotes e/ou sacerdotisas, vestais... . O termo, na Roma antiga, era a designação original de rituais secretos ou, de mistérios que eram repassados aos que cultuavam aquela religião.
Incluiam, ainda, bailados sensuais, a ingestão de vinho e, também, relações sexuais. Os famosos mistérios dionisíacos, criação grega, foram, posteriormente, absorvido por Roma que designou-os de bacanais. Sob uma desinência feminina “as bacanais” promovidas no palácio de Herodes atravessaram os séculos até chegar aos nossos dias.
CARPIDEIRAS - Profissão das mais antigas do mundo, na Grécia essa mulheres vestiam luto e choravam profusamente nos velórios de pessoas totalmente desconhecidas, percebendo pagamento pelo pranto. As carpideira tornaram-se célebres e os velórios importantes era obrigatória a presença daquelas. A Bíblia registra o uso de uma carpideira para iludir Davi e permitir a volta de Absalão a Jerusalém.
ORGANIZADOR DE ORGIAS- Não pensem no significado atual da palavra. A orgia a que nos referimos não incluía desordem ou sexo degenerado. Eram festas cuidadosamente planejadas por religiosos, entre esses, sacerdotes e/ou sacerdotisas, vestais... . O termo, na Roma antiga, era a designação original de rituais secretos ou, de mistérios que eram repassados aos que cultuavam aquela religião.
Incluiam, ainda, bailados sensuais, a ingestão de vinho e, também, relações sexuais. Os famosos mistérios dionisíacos, criação grega, foram, posteriormente, absorvido por Roma que designou-os de bacanais. Sob uma desinência feminina “as bacanais” promovidas no palácio de Herodes atravessaram os séculos até chegar aos nossos dias.
CALÇADORA DE SAPATOS- A Grécia, por sua vez considerava o ato de tirar os
próprios sapatos como uma tarefa humilhante, degradante. Assim, quando
convidados a uma festa, os gregos, do mais pobre aos mais abastados, levavam
consigo uma sandaligerula, uma escrava que tinha essa função, por sinal
disputada, apenas entre os escravos por não exigir esforço físico. A serva substituía o
calçado que a senhora usara na rua até chegar a festa e os
substituía por sapatilhas apropriadas ao evento. As cortesãs calçavam e descalçavam os seus sapatos.
PAPAGAIO
DE ARISTOCRATA -Na Roma antiga os cidadãos mais importantes,
entres esses os Nobres, os Jurisconsultos, os Cônsules, as figuras mais respeitáveis da urbe estavam sempre
com um escravo ao seu lado, com a incumbência única e exclusiva de
lembrar ao seu amo os nomes e referências sobre queles com quem se deparavam, fosse nas ruas ou
nos eventos diários que ocorriam em Roma.
REGISTRADOR DE MALDIÇÕES – Eram oficiais que registravam as maldições proferidas contra as pessoas e que se cumpridas davam aos amaldiçoados a
condição de indenização. Noutra vertente, na Antiguidade, a preocupação com a
concorrência ou com seus inimigos deveria levar o cidadão a registrar uma maldição, especificando
suas conseqüências e, para melhor efeito, deveria ser proferida - a praga - num templo de uma
divindade do submundo e a tábua do registro exposta na parede.
ANIMADOR DE FUNERAL – No império Romano era usual a contratação de companhias
de teatro mambembe e mímicos para dar entusiasmo
as exéquias.. Ao "archimimus” que era o chefe dos mímicos cabia
representar o morto. O artista travestia-se como tal, assumia a personalidade
do finado, com essa atitude acalmava os
espíritos dos antepassados . Ainda, nesse trabalho, o animador colocava uma
máscara mortuária que se assemelhasse ao defunto e os adereços de sua profissão,
fazendo graças ao longo o percurso até a pira funerária onde tudo seria consumado.
CAPACHO
DE PRÍNCIPE - Uma profissão que existiu nos séculos XVII e XVIII, na
qual era escolhido um menino de classe alta, para ser castigado no lugar do
filho do rei quando aquele fazia algo que não era o desejado para a sua condição
social. Se o príncipe ia mal nos estudos, "o capacho" era castigado,
até porque ninguém poderia castigar o príncipe, exceto o rei e aquele estava
sempre ausente. Sendo companheiros de infância estabelecia-se entre o príncipe
e " o capacho" fortes laços de
amizade que levavam o herdeiro do trono a ser bem comportado e se esmerar na
sua instrução a fim de que o amigo não fosse castigado em seu lugar, tal fato estimulava bons sentimentos e nobreza de alma ao futuro rei.
CAMAREIRO DE PRIVADA - Os reis ingleses reservavam a um servo a obrigação de limpá-los após ter defecado. Esta inusitada ocupação era desempenhada por filhos de nobres com importante condição na Corte. O ofício, ao longo do tempo, passou a agregar aspectos outros, inclusive, administrativos, dando ao "limpador" uma proximidade e atenção do monarca, o que tornava a esdrúxula tarefa muito desejada.
BOBO DA
CORTE – Figura por demais explorada no cinema. Esses
indivíduos transitavam no palácio e podiam fazer graça para qualquer um,
inclusive para o rei. O bobo quase sempre é apresentado como uma criatura
emblemática. Sua performance compreendia tiradas humorísticas acompanhadas de acrobacias
e também colocações misteriosas de modo a prender a atenção dos monarcas e da corte.
MÉDICO
DE SAPOS – Existia na Inglaterra até o fim do século XIX,
um tipo de feiticeiro que praticava uma medicina endereçada a cura da escrófula
que era uma doença de pele ligada à
tuberculose. Esses médicos feiticeiros utilizavam
sapos vivos ou os seus membros, envolto em tecido e pendurados no pescoço dos
pacientes, para tanto necessitavam caçá-los o tempo todo, daí a expressão
médicos de sapos.
CHICOTEADOR
DE CACHORROS - Nos séculos XVII a XIX a Igreja dava a um de seus empregados
a função de enxotar os cães que, tendo acompanhado os seus donos e sem poder
adentrar ao interior do templo, começavam a latir e incomodar os fiéis. Alguns
animais entravam, eram removidos e dispersados pelo chicoteador para que o
padre pudesse continuar a celebração.
LIMPADOR DE LUTADOR DE SUMÕ - Os lutadores de sumô são portadores de obesidade mórbida e como tal incapazes de realizar alguimas tarefas, entres essas a higienização de suas partes íntimas. Figuras tradicionais da cultura oriental o lutador de Sumõ renuncia a uma vida mais duradoura e de melhor qualidade em função da luta. A profissão de limpador é reconhecida, considerada de periculosidade média e com boa remuneração. Um dos maiores riscos é de que o lutador possa cair sobre o profissional.
PROVADOR DE COMIDAS DE ANIMAIS - Especialistas que provam a comida fabricada para cães e gatos, de modo a aferir se o sabor está adequado ao paladar da clientela.
O TRABALHO PODE DIGNIFICAR O HOMEM, PODE, TAMBÉM, AVILTÁ-LO, ESCRAVIZÁ-LO E CONSTITUIR-SE EM ÓBICE AOS SEUS MAIS ÍNTIMOS DESEJOS.
A INFÂMIA TRAVESTIDA DE TRABALHO -
O TRABALHO PODE DIGNIFICAR O HOMEM, PODE, TAMBÉM, AVILTÁ-LO, ESCRAVIZÁ-LO E CONSTITUIR-SE EM ÓBICE AOS SEUS MAIS ÍNTIMOS DESEJOS.
A INFÂMIA TRAVESTIDA DE TRABALHO -
O CARRASCO |
Algumas profissões não mais existem em razão
do domínio de técnicas substitutivas as anteriores assim, teoricamente,
desapareceram: o pisoteador; copistas; acendedor de lampiões; o fotográfo lambe-lambe; o albardeiro; pintor de
letreiros e cartazes em porta de cinemas; ferreiro; cocheiro; telegrafista; guarda-chaves; foguista (que cuidava da fornalha do trem); guarda-freios; tipógrafo e outros.
3 comentários:
Aí, Excelentíssima Doutora Dona Maria de Lourdes, Lourdinha, minha sogra...gostei de conhecer algumas estas profissões tão "exóticas", por assim dizer. Jamais imaginei que podiam existir e tenho certeza de que, atualmente, muitas profissões inusitadas estão se configurando.
Beijocas.
Arrasou colega!! Muito interessante sua abordagem, Lourdinha. Algumas dessas profissões antigas aos olhos de hoje são hilárias. Hoje no 1ºde maio vou me solidarizar com os desempregados, que não possuem um trabalho remunerado, nem exótico, nem infame, nem engraçado, nem pesado, nem dignificante...torço para que ano que vem eles comemorem esta data com mais dignidade. Beijos!
Fantástica esta postagem. Uma abordagem diferenciada, que prende o leitor e arranca-lhe boas e surpreendentes risadas. Feliz dia do trabalho, ou que o trabalho seja feliz para todos nós!
Obs. Aproveitando a deixa de Lílian, dou uma dica para uma futura postagem sobre as profissões bizarras da "atualidade". Acho que será legal também...
Parabéns!
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