Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

RÉVEILLON : O DESPERTAR DE UM NOVO DIA




O INÍCIO.

 

Os seres humanos têm uma forma cíclica de estabelecer acontecimentos que norteiam o seu cotidiano. Assim, é natural que momentos considerados importantes fontes de energia para as sociedades, sejam determinantes à realização de eventos que ocorrem e modificam os comportamentos, os hábitos, as formas de relacionamento. Promovem uma verdadeira desconstrução do que se coloca como rotina.


Comportar-se diferentemente do que se vê ao longo do ano é um lugar comum no mês de Dezembro. Parecer mais ansiosas, mais rápidas, mais resolvidas sobre si, sobre suas vidas e dos demais que os cercam é, reiteradamente, o que se observa nesse período. Todo ano esse ritual parece tomar conta de todos. Passada a ternura do Natal, inicia-se a pseudo-mudança trazida a reboque pelo ano que se avizinha. 


É tentador deixar-se levar pelo clima de festa, de novo, de transformações que a última semana do ano parece inspirar. Nada mais salutar. Afinal a época é de programar, correr, arrumar, prever positivamente o “grand finale”, o término apoteótico de mais um ano em nossas vidas.


Que tal sermos um pouco curiosos? O que determina esse fechamento? Qual a origem dessa fixação? Pois é, fui fazer Filosofia fiquei cada vez mais interessada em saber os por quês das coisas. O essencial nesse caso – conclusão de mais um ano – é a definição da data. Isso nos remete ao calendário e há controvérsia.



A primeira referência ao Ano Novo, ainda tendo como guia da passagem do tempo as fases lunares, remonta há 2.000 Anos “ AC (antes de Cristo)”, na Babilônia (Mesopotâmia). Coincidia com o período em que o sol se aproximava da linha do equador, produzindo dias e noites com a mesma duração. Igualmente a Grécia, Fenícia, Síria, Egito e Pérsia já comemoravam a passagem do ano, tendo em vista as fases da lua. O que nos leva a constatar a origem pagã de tais festividades.
 

Ainda na idade antiga a humanidade enfocou os seguintes aspectos para fundamentação do calendário: o solar, o lunis-solar e as estações. Rômulo, um dos fundadores de Roma, estabeleceu uma ano de 304 dias sem que houvesse qualquer correlação com a lua ou com o sol. O calendário de Rômulo foi refeito pelo segundo Rei de Roma: o sabino Numa Pompílio que determinou o ano com 12 meses, denominando o primeiro deles de Januarius dedicando-o a  Jano que era o deus dos portões, tinha duas faces – uma olhando para frente, para o futuro e outra olhando para trás, para o passado. Ao décimo segundo mês chamou Februaris, dedicado ao deus Februa – da purificação dos mortos.


Sabe-se que o Ocidente passou a comemorar o evento – passagem de ano -, em data fixa, a partir de Decreto Imperial* emanado de Júlio César que em Roma fez a primeira grande alteração no calendário para comemoração da suntuosa festividade. Posteriormente, o imperador Juliano manteve a0 1º dia de Jano como o que iniciava o novo ano. Com o calendário Gregoriano fixado em 1.852 a Igreja consolidou, definitivamente, 1º de janeiro, como o início do Ano Novo para a cultura Ocidental.


Há também outras datas para se comemorar a chegada de mais um ano. Assim entre os Judeus o Rosh Hashaná acontece entre setembro e outubro, também do calendário Gregoriano. Entre os chineses a festa acontece entre final de janeiro e começo de fevereiro. Para a comunidade Islâmica o Ano Novo somente ocorre a partir da segunda semana de maio.


Muitas são as formas de celebrações. Algumas são famosas, seja por seu luxo, beleza, espetáculo pirotécnico, fartura e grandiosidade do evento ou mesmo por tornar-se um cartão postal da Cidade, do Estado. Nessa seara destacam-se o Ano Novo de Nova Iorque, Paris, Ilha da Madeira, região do Porto, Escócia, Chile,  São Paulo, e o mais famoso do Brasil, o réveillon do Rio de Janeiro.


Nem tudo é festa. Também não é mudança ou renovação. Estranhamente e apesar do espírito de emoção e esperança que invade a todos, permanecem as dores, as frustrações, a pobreza, a ausência de oportunidades para todos, o desemprego, a fome, a corrupção, a ausência de vergonha e as tentativas de ludibriar a boa fé dos brasileiros e os ataques aos que insistem em não se deixar levar pelo mar de lama em que parece afundar boa parte de “notáveis” brasileiros.


Mas, a persistência do sofrido povo brasileiro faz dele sobrevivente. Mais que isso, resiliente. Capaz de debater-se, ferir-se, ser ferido e reduzido a mero espectador de sua vida e, ainda assim conseguir romper um círculo vergonhoso de exploração, saque ao erário, confissão de incompetência, esboçando, timidamente, um sorriso com o anúncio vindo  da mais alta Corte desse País que sinaliza a interrupção de condenações, prisões, achincalhação publica e desrespeitosa, costumeiramente feitas a pobres, negros, prostitutas, homossexuais. 


É bem verdade que muita água ainda vai rolar. Há advogados – teoricamente multiplicadores do respeito e aplicação da legislação pátria – afirmando que a condenação não muda nada: leia-se prestígio, importância e mandonismo. Há escritores se perguntando e perguntado aos leitores os porquês das prisões, quando bastava dar uma rápida olhada no site do STF.  Enfim, mesmo diante de fatos comprovados, acórdãos transitados em julgado,  como diria o saudoso Francisco Milani: há controvérsias.



Mas, temos diversão e distração para o tão desatento povo brasileiro. A Copa do Mundo. Aquela em nome de que bilhões foram gastos, multiplicaram-se os assessores, os convênios, os contratos e as peripécias financeiras a que o Brasil já se acostumou ver. Tudo é pressa, Não há a "necessidade" de prestação de contas para cada etapa que deveria ser concluída. A burocracia da prestação de contas do dinheiro público pode atrapalhar planos, criar obstáculos para que inocentes intermediários possam melhorar sua condição financeira.  Os calendários não estão sendo cumpridos, há atrasos por toda parte. As notícias falam de empregados trabalhando 12:00 horas por dia, acidentes nas obras, atrasos, atrasos, atrasos... E as verbas destinadas as construções e infraestrutura continuam vertendo das generosas torneiras do erário. É realmente muito difícil não se deixar levar pela indignação. Revolta. Asco.


Há algo mais no cenário Nacional. Preparem-se, vão ouvir muitas promessas. O Ano Novo PROMETE. Sim estaremos num ano eleitoral. Existirão com certeza, novos santos nos céus. Se necessitar de algo, não se faça de rogada (o), os santos estarão no Município, nos Estados e também no âmbito federal. Bom não gaste seus cartuchos, peça a quem pode resolver. Os intermediários cobram caro, não asseguram resultados e, ainda, somem sem nenhuma explicação. 


Mas, que tal iniciar de forma diferente, transparente? É, no dia 31 de Dezembro, mesmo com o ritual de roupa branca, familiares, amigos, parentes, música, comida e bebida a vontade, sempre há algo novo que pode ser feito. Sabe aquela vontade enorme que você tem de esclarecer algo... um assunto que lhe deixa triste, sem graça...ou mesmo um pedido de desculpas que há meses queima sua garganta, resolvê-los pode ser um excelente começo. 


Ah, aquelas roupas que abarrotam o guarda-roupa e que sempre tem sua permanência justificada; e os sapatos que você não usa mais? Será que não fariam a diferença no Ano Novo de alguém? É tão pouco e ao mesmo tempo tão significativo que só de imaginar o sorriso de quem recebe dá ao ano que se aproxima outro tom.


Não se esqueça. Mesmo noite de Ano Novo os moradores de rua também têm necessidade de alimentos. Se você não se sente protegida para doá-los pessoalmente sempre tem instituições, religiosas ou não, que fazem isso em grupo minimizando o perigo.


Pois é vamos nos reabilitar para a vida. Vamos despertar para um novo dia. Deixar um pouco o nosso mundinho particular, colocar a cabeça fora de nossa zona de conforto e colaborar efetivamente para que o ANO NOVO seja também o ANO BOM. 


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Um comentário:

Leonardo Dantas disse...

Belo texto, suave, histórico, filosófico, lúcido e cheio de esperança! 2014 nos espera!