Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

OS ESCRAVOS DO PODER

TRAIÇÕES ORQUESTRADAS




Sou funcionária pública estadual. Tenho de tempo de serviço e contribuição previdenciária 30 anos e 11 meses. Se considerarmos a estimativa de vida para o brasileiro, que é de 73,5 anos e meios e a minha idade, é um tempo razoável. Afirmo que dediquei ao Estado da Paraíba os melhores anos de minha vida. Pelo menos em termos de saúde e produtividade.




Trabalhei no atendimento ao público, na elaboração de peças jurídicas, sempre na defesa dos interesses do Estado. Fiz inúmeras audiências, realizei trabalhos de campo coletando informações destinadas às peças, enfim em tudo quanto à condição de Advogada Pública exigiu de mim ao longo dos anos.
 






 
Pois é, tive a chance de conviver com pessoas maravilhosas, prestativas e competentes. Entretanto, também, me deparei e deparo com seres cujas características parecem ter saído de um folhetim destinado a chocar e espalhar o mal. Poucos sabem os efeitos do Poder sobre o ser humano. Somar o Poder Público ao Poder Político e ao Poder Econômico povoa os sonhos de uma parcela da população, animada com a possibilidade de agregar poderes e portanto tornarem-se verdadeiros tiranos de opereta.




Tenho honra de dizer: sempre fui servidora, no sentido original da palavra. Sempre ocupei cargo público e me desincumbi das funções pertinentes. Por onde passei fiz grandes amigos e deixei aberta a porta para a possibilidade de um retorno. Fiz meu nome e meu caminho sem ter que para isso abrir mão de minha consciência, meus princípios éticos e conhecimentos a respeito das questões sobre as quais me debrucei. Assim escrevi minha história no serviço público estadual.




Por isso e pelas criaturas generosas, capacitadas e ao mesmo tempo simples é que resolvi mostrar outro lado que, infelizmente infecta a administração pública. E não é privativa da estadual e, ainda, também não o é somente em relação a nosso País. Infelizmente é um mal que assola a humanidade.





Falo dos escravos do poder. Aqueles aos quais não importam a ideologia, a linha de pensamento, os atos, as ações; o que determina a adesão é estar próximo aos mandatários, quanto mais alto o escalão melhor.  O preço é o que menos conta. Tanto faz se é necessário mudar de rosto, mudar de nome, mudar de partido, de cidade, de religião, de mulher ou de marido. O retorno, o proveito, é estar sempre um passo adiante dos que concorrem ou fazem oposição aos “papagaios de piratas”.





Igualmente, para tais seres, é de pouca valia a traição. Comumente essas pessoas mesmo quando dentro dos gabinetes, ocupando cargos de confiança, pressentindo a possibilidade daquele “poderoso” cair em desgraça, fingem cumprir as determinações do seu superior hierárquico, mas de uma forma tão odiosa que a ordem, inicialmente emanada do gestor, torna-se tão antipatizada quanto o seu idealizador. Incauto, se soubesse o quanto aquele ou aquela a quem foi atribuído o encargo o desvirtuou, apodreceu a missão, tornando o seu emissor “persona non grata”, dele se afastaria e jamais o chamaria para integrar sua equipe.






Estranhamente, essas pessoas, bajuladoras e vazias, conseguem, o tempo todo, ficar lado a lado com os mandatários. Quando políticos, marido e mulher, assumem a estranha postura de cada um apoiar um candidato, sempre o primeiro e o segundo das pesquisas. Não tem como dar errado. Qualquer coisa que resultar inconveniente  ao interesseiro de plantão, um segura a posição do outro.




São verdadeiras sanguessugas dentro das repartições públicas. De gravatas ou de ferramentas em riste, sua principal meta é o poder. Tudo vale a pena para se manter “importante”. O desvio de funções toma uma conotação especial. Pena que ainda não tenham criado cargos como: “denunciante vazio”, “adulador”,  “fofoqueiro mor”, “pau para toda obra”, “duas caras...”, assim estaria completa a lista de cargos e atribuições a que muitos arrogam-se.




E não me venham dizer que é típico de mulher ou de homem. Que é característico dessa ou daquela classe profissional. Que atinge apenas a classe média ou aos pobres. Que depende do intelecto. Não. É uma questão ética, vem de dentro de cada um. A deformação moral que os domina os torna capaz das maiores vilanias, seus objetivos não conhecem barreiras.



Inclusive, tais personagens não se limitam a áreas específicas, estão em todo os segmentos da sociedade. Há aqueles que diuturnamente criticam nos outros aquilo que fazem no seu dia a dia, ou seja: beijam os pés dos poderosos e falam mal daqueles que tem a sua prática. Usam e abusam dos recursos que têm para divulgar o desafeto como “bajulador”, “babão” e outras nominações impublicáveis esquecidos de suas práticas sempre tendo por meta galgar mais um degrau na escala do poder.





Não são simples traidores. Não têm remorsos ou mesmo qualquer sentimento de aversão por suas opções doentias. Recentemente a Nação Brasileira pode constatar até onde se estende os tentáculos da cobiça pelo poder. Vimos a inércia tomar conta do criador enquanto a criatura tentava sobreviver, debatendo-se na mais terrível agonia sem merecer sequer uma palavra, por menor que fosse, de apoio, de consolo ou mesmo que acenasse esperança a quem, até então, merecia todos os afagos, todos os reconhecimentos.




Os desdobramentos dessa atitude de inércia são os mais esperados possíveis. Sim, porque qualquer um que leia, observe, busque informar-se politicamente sabe do desejo, explícito, de uma figura pública que insiste em não se despedir. O palco é, por demais, atrativo; a hora oferece uma chance real, pelo menos assim o parece ao interessado. A pré-candidatura da criatura, se mostra ao criador com ares de aniquilada. Só um milagre ou um factoide veiculado por um gênio para desviar as atenções. Quem sabe o mesmo que articulou atos de vandalismo que perseguiram manifestações populares.




Pois é, do Planalto a menor Prefeitura de um dos Municípios brasileiros, do gabinete Presidencial aos de gestores espalhados por esse Brasil, tudo se repete. A enfadonha e quase previsível dança das cadeiras orquestrada ao som das bajulações e ocasionada pelas deslealdades entre os pares, parece ser a única verdade imutável.




Pena não existir um cadastro nacional de bajuladores, traidores, papagaios de piratas e cínicos, claro. Os mais perigosos são exatamente aqueles que assumem uma posição crítica, gozam de certa credibilidade e usam-na para difundir comportamentos que repete abertamente, mas que somente nos outros parecem dignos de censura. Pobre Paraíba, pequena, valente, com uma história de lutas e bravura, com seus vilões que de tão incompetentes, certamente ficariam nas últimas colocações pois perseguem os pequenos, os já desacreditados, os que não compõe o topo da pirâmide.




Não é a toa que sempre digo: “Nosso Senhor tem cada morador nesse mundo que só Ele aguenta.”  

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