Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

quarta-feira, 20 de março de 2013

A ILUSÃO DA BELEZA!


 A COMPULSÃO POR TRATAMENTOS DE BELEZA E POR CIRURGIAS PLÁSTICAS.



Algumas vezes somos surpreendidos com interrogações que nos põe frente a frente com o nosso dia a dia. Desde a mais remota lembrança, rememoro que em minha casa havia um aprendizado ininterrupto no sentido de que valores como verdade, justiça, moral, ética, virtude, religião e outros, eram indispensáveis à uma boa formação cristã, na geração de  pessoas ajustadas e cidadãos produtivos. 


Conforme os entendimentos difundidos na época, aliava-se a tais valores práticas como uma boa educação doméstica e didática; prática religiosa; transmissão de conhecimentos advindos de pais e professores acerca da vida, da moral e dos bons costumes. Normalmente os filhos copiavam os pais, fugindo à regra  quando o esforço conjunto do casal, com formação didática de nível médio, conseguia levar os filhos a uma graduação e, assim, proporcionar-lhes melhores expectativas. Um filho, uma filha, com nível superior era motivo de orgulho para toda a família.




Infelizmente também haviam exceções negativas. Pais conscientes, abastados ou não, por vezes eram surpreendidos com atitudes inesperadas de seus filhos. Assim, lembro-me de alguns casais com boa formação cristã, ajustados e de excelente nível intelectual, assustados  com o fato de seu filho estar envolvido em um homicídio; outro, sofrendo pelo filho flagrado com drogas; outro com a filha que engravidara, ainda solteira; outro com o filho que deixara de estudar...ou seja, situações que embora difíceis, ocorriam em proporções  infinitamente inferiores ao que se vê atualmente.   


Hoje vivemos uma realidade muito confusa. É certo que muita coisa mudou para melhor. Há profusão de Direitos que visam a proteção da pessoa; melhor e maior acesso ao conhecimento, ao saber; avanço das ciências médicas através da pesquisa, das descobertas e das inovações no setor; crescimento na agricultura, hoje, sustentável e de manejo eficiente dos recursos naturais. Não há como negar: parte da humanidade conseguiu um invejável grau de desenvolvimento.


Diante de tanto progresso algumas coisas insistem em demonstrar uma total falta de conscientização, de equilíbrio e de domínio da razão. Somente assim podemos justificar o aumento desvairado da criminalidade, do desajuste social caracterizado pela sempre crescente população de usuária de drogas, bem assim de doenças como Alcoolismo, Obesidade, Stress, Fobia, Assédio Moral no Trabalho, Depressão, Ansiedade generalizada, Anorexia, Bulimia e Compulsão por Tratamento de Beleza e por Cirurgias Plásticas, entre outras.

Três dessas situações ganham os noticiários, as cabeças dos jovens e produzem vítimas diárias e incontáveis,  entre essas pseudos candidatos à celebridade escravizados pela ditadura de extrema magreza.





Segundo Dr. Draúzio Varella, Médico Oncologista, Cientista e Escritor,  "uma imagem distorcida de si mesmo, tem sido a causa de muitos males da alma". A insatisfação consigo gera uma obsessão por um ideal traçado pela(o) doente que acredita estar acima do peso, comendo cada vez menos. Na ANOREXIA uma em cada cinco pacientes morre. A ditadura do espelho ocorre apenas quando quem se olha distorce o que vê. A solução não ocorre sem intervenção externa - por autoconsciência - depende, sempre, de tratamento que integram a Psiquiatria e a Psicoterapia, além da vontade de ser curada. Por vezes há a necessidade de internação hospitalar. A anorexia é fomentada com a constante veiculação de modelos esqueléticos que causam sensação no mundo da moda.





Igualmente, a BULIMIA, onde a pessoa come sem parar e em seguida provoca o vômito é também mais uma das doenças da atualidade. O doente não quer engordar, mas não consegue se conter comendo compulsivamente, fazendo verdadeiras orgias alimentares. Em seguida provoca o vômito. A auto-estima e o sentimento de inferioridade são características dos bulímicos. Tal qual a anorexia a bulimia também exige tratamento médico, psicológico e vontade do paciente, inclusive, porque na bulimia esse não perde, totalmente, o controle da situação, chegando a planejar "as orgias", esconder alimentos e escolher aos locais e horas em que pode executar o plano. 




Apesar de poder parecer "futilidades" A COMPULSÃO POR TRATAMENTOS DE BELEZA E A COMPULSÃO POR CIRURGIAS PLÁSTICAS, revela atitudes doentias, repetitivas e tão nocivas quanto às doenças já referidas.




Tudo serve. Salões de beleza, bares, festas, reuniões de grupo, consultórios de Cirurgiões plásticos, são ambientes propícios ao incentivo de tais atitudes. Não pelos profissionais sérios e éticos que ali estão, mas por uma massa, principalmente de mulheres que, quando desaconselhadas dessa ou daquela intervenção, simplesmente mudam de Médico e buscam pessoas, até mesmo sem a qualificação necessária, para realizarem o procedimento desejado. 





Constantemente a televisão tem nos mostrado situações em que as cirurgias mal sucedidas foram realizadas por charlatões, indivíduos que se apresentavam como Cirurgiões Plásticos, produzindo aleijões e causando a morte de muitas mulheres. Do mesmo modo a Mídia, seja via televisão, jornal, revistas e outras mostram ao mundo os horrores que alguns submetem o seu corpo na idéia fixa da beleza plena.




Dentre a pessoas viciadas em academias de ginástica há algumas que se  transformam de tal maneira que retiram de seu corpo características de seu sexo. Existem mulheres que tornam-se verdadeiros seres híbridos, rosto de mulher, corpo de homem, fisiculturista. Perdoem-me as adeptas, mas a natureza nada tem a ver com isso. As diferenças físicas entre homem e mulher fazem e farão sempre parte dos jogos do amor.  




A compulsão por tratamento de beleza tem levado muitos a gastar o seu tempo em ginástica, dietas, banhos de espuma, talassoterapia, procedimentos esfoliantes, reflexologia, massagem, alimentação cuidadosa,  e posturas bizarras e extremas. Entre os tratamentos ofertados pelas clínicas, spas e consultórios, temos o que parece ter causado um verdadeiro pandemônio na vida de inúmeras mulheres latino-americanas: as injeções de botox. 


 
Uma vez iniciado o ciclo da beleza, raramente termina. A adolescente que frequenta compulsivamente as academias, transforma-se na jovem que repete, ininterruptamente, dietas e mais dietas, consome avidamente produtos ditos transformadores, capazes de queimar gorduras localizadas e, os destinados a "esticar" a pele (embora não haja necessidade). Por outro lado, aquelas que não se enquadram no padrão de beleza e de gastos são, sumariamente, eliminadas do grupo ou consideradas cidadãs de segunda classe. Os valores como amizade, lealdade, companheirismo, ética, nada representam. Os centímetros sim, a beleza também, ambos têm o poder de dizer "quem é  quem" e quem não é importante, não se adéqua em aparência ao grupo, á sociedade. 


O Brasil é hoje o segundo lugar no mundo em número de Cirurgias Plásticas. Essas cirurgias podem corrigir defeitos físicos, atenuar excessos e faltas, melhorar a auto-estima, harmonizar os traços fisionômicos, tudo dentro de um equilíbrio entre a insatisfação e o ego de quem se submete ao bisturi . Todavia há, cada vez mais, aquelas ( vez que é predominante a diferença entre mulheres e homens) que buscam compulsivamente a cirurgia plástica. 





Os especialistas têm declarado que a obsessão por cirurgias plásticas demonstra a ocorrência de distúrbios, problemas emocionais, baixa estima e deve ser vista e tratada como doença. Nesses casos a imperfeição está umbilicalmente ligada a quem se vê e se reconhece fora de um padrão ansiado. Não há como satisfazer o paciente, a cada cirurgia irá desejar uma outra, sem limites ou respeito a saúde, aos riscos, à vida. 




 
Até agora tratamos de doentes. Embora a doença seja o que realmente preocupa há, ainda, as doentes sociais. Aquelas que se deixam influenciar por "modelos" forjados por mentes desajustadas. Sem qualquer intenção pejorativa, fico a me perguntar o que faz uma pessoa bonita, proporcional, deformar-se intencionalmente. Qual o mistério, o segredo, a emoção de ser transformado ou transformada em alguém em total desequilíbrio estético, com dores e riscos desnecessários?




Costelas são retiradas. A gordura reaproveitada. Hoje tudo pode ser obtido. Quase tudo. O cabelo, a cor dos olhos, os dentes (inclusive a cor), os seios maiores ou menores, o recheio para nádegas, pernas, mãos, o aumento da estatura e tudo o mais que o ser humano entender que lhe desagrada e um outro se dispuser a estudar, pesquisar e por em prática. É, será que vivemos um novo tempo onde falsear é a tônica? Quem está casando hoje realmente conhece o homem ou a mulher  que teoricamente o encantou ou a encantou? 

Para algumas mulheres o tamanho das nádegas passou a comandar suas ações, não importa o quão ridículo tenha se tornado.




Para muitas mulheres os seios são objetos de competição, pouco importa o efeito bola de basquete que por vezes murcha. E a boca? Inchada, grotesca, dando a impressão de que foi esmurrada continuadamente. O rosto, que no efeito estufa, do silicone ou do botox ou de qualquer outra  coisa mais se assemelha a lua cheia, isso se não quisermos compará-los a nádegas. Noutras ocasiões não há o efeito estufa e sim a total ausência de expressão, um rosto inanimado. Tudo em nome da fama e da beleza. 





Um último comentário para chamar a atenção sobre a quase inexistência, principalmente entre os mais jovens, de focos que realmente possam torná-los cidadãos conscientes e atualizados com as mudanças do mundo. A massificação de ideais de beleza, o brilho que é colocado sobre os holofotes da fama, a concepção de que a família, o casamento, as instituições, de um modo geral estão ultrapassadas, deslocam a figura da pessoa normal, simples, que não se atem as exigências vãs e modismos, numa criatura sem graça,  fora da "realidade". Os formadores de opinião, os famosos e famosas que se submetem a intervenções plásticas, têm uma responsabilidade enorme sobre adolescentes e jovens que buscam o nariz de uma atriz, a boca de outra, os seios da musa do momento, as nádegas da rainha da bateria e que, de tantas "mudanças", mesmo irreais, correm o risco de perderem suas identidades. 



Um comentário:

Anônimo disse...

Essa é uma triste realidade... Os adolescentes são os mais influenciáveis, porque não tem um espírito crítico tão apurado. Tenho muita preocupação com essa nova geração que está vindo por aí...
Belo texto! Leonardo.