Quem sou eu? O que faço

Minha foto
João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A MORTE DA JUSTIÇA?

AS TENSÕES NO JUDICIÁRIO



Falar sobre assuntos sérios exige contextualização. Isolar ou generalizar fatos, para torná-los protótipos do cotidiano é correr o risco de escolher o nefasto caminho de dizer não, caso a situação analisada não se adéque a necessidade daquele que se expressa.
*Crédito de Imagem:palavradedeusparahoje.com


Normalmente utilizo essa forma de me comunicar com os demais, O BLOG,  enfocando fatos e momentos que dizem respeito a sociedade como um todo. Já o fiz com um viés pessoal, mas em situações especiais e que diziam respeito a família, a dedicação de seres humanos, ao dia a dia. Sem o ônus da queixa, sem a sensação da exteriorização de algo que insiste em mostrar a Justiça como terra de ninguém, ou de alguns privilegiados.
*Crédito de Imagem:Blog da Professora Renata


Os que me conhecem sabem que sempre me senti  honrada e feliz com o exercício da Advocacia – sou Advogada. Transcendi ao título de Bacharela em Ciências Jurídicas e Sociais,  pela Universidade Federal da Paraíba, graduada que sou desde 29 de Dezembro 1977, tendo me tornado militante do Direito e da Justiça, como estagiária inscrita na OAB/PB, antes do término do curso.
*Crédito de Imagem:g1.globo.com
  
Confesso a vocês que foram intensos os sofrimentos experimentados e, grande as alegrias vivenciadas no exercício da profissão abraçada. Por ser um sonho e uma decisão a partir da minha adolescência – onde disputei com um grande amigo da família, Deputado Estadual, tão sarcástico quanto profundo no seu domínio sobre a arte da oratória, a consulta e leitura dos Discursos de Marcus Tullius Cícero ou, CÍCERO, chamados de Catilinárias, me apaixonando pela ideia símbolo da defesa do justo, carreado pela ética, pela moral. *Crédito de Imagem:Sebo do Messias.


Talvez eu não tivesse o alcance do que exatamente significavam as palavras que exprimiam o pensamento do imortal orador, filósofo e estadista romano. Porém, o espírito livre e irrequieto, liberto das convenções, amarras que a idade e o conhecimento trazem a reboque, semeou no meu âmago uma visão “paladina” que só poderia ser executada através do Direito, do aprendizado contínuo, da prática diária.
*Crédito de Imagem:www2.uol.cm.br


Pois é, continuei na minha infância, adolescência e juventude a boa prática da leitura. Não tardei a ser imensamente grata aos meus pais – Álvaro e Luzia -, pela proibição de irmos brincar na rua quando um deles não estivesse por perto. Isso fez com que meus irmãos e eu, dedicássemos boa parte de nossas vidas a leitura. Entrar na Universidade Federal da Paraíba, ainda no "básico", me fez ver a diferença entre os que liam e os que ouviam.
*Crédito de Imagem:Awebic
Em nossa casa tínhamos de tudo: Érico Verissímo, Jorge Amado, José Lins do Rego, José Américo, o proibido Júlio Ribeiro, Monteiro Lobato, Os Irmãos Grimm, Andersen, Dickens, Júlio Verne ..., nosso viver era compartilhado com as aventuras de Robin Hood, o infortúnio de Robinson Crusoé, a perícia e tensão de Guilherme Tell, com príncipes - mendigos ou não -, princesas,  mascarados, magos, florestas, arqueiros, máscara de ferro, espadachins, Távola Redonda, piratas, tesouros, náufragosMitologia Grega e Nórdica, índios, justiceiros, cowboy. Contos de mula sem cabeça, boitatá, saci, cuca, comadre “fulozinha”, boto cor de rosa e histórias de terror com vampiros, especialmente o conde Drácula, Frankensteins e outros.
*Crédito de Imagem:jlcfriends4ever.blogspot.com


Porém a mais cobiçada e ao mesmo tempo assustadora, pelo menos para mim,  era a  "Clássicos Jackson" – uma coleção com capa de couro e gravação de titulo em baixo relevo e dourada, 40 volumes de pura erudição. Ali as excursões eram mais cuidadosas. Afinal era o xodó de minha mãe. Mesmo assim, com cuidado e compreensão que a idade permitia, por volta dos 13, 14 anos, comecei um caminho mais lúcido, passei a ter contato com autores como Cícero, Virgílio, Horácio, Camões, Dante, Voltaire, Tchecov e outros, alguns cuja apresentação assustavam a partir do nome, caso de Xenofontes - que me deixou vários dias pensando como seria se eu me chamasse assim ou com algo parecido.
*Crédito de Imagem:lista.mercadolivre


Bom já fiz minha catarse.  Agora, liberta da indignação, posso tratar do assunto que me trouxe. A Justiça – o ideal – foi e será sempre um referencial em minha vida.  Por isso questiono o que faz um(a) Magistrado(a) – mesmo quando decorridos meses sem qualquer movimentação no feito, atravessadas três petições solicitando impulso processual -,  reiterado, verbalmente o andamento pelo Advogado; solicitado pela  parte, informado e mais uma vez reiterado o assunto e a urgência, não dele, o profissional, e sim dos que necessitam da prestação jurisdicional, permanecer inerte? E, ainda assim ostentar uma postura de benevolência, destinada, certamente, a sua coleção de poses, pois não mais convence a ninguém.
*Crédito de Imagem:pensadoruol.com.br


Fica impossível trabalhar diante de tamanha frieza. Lembro-me e lanço para vocês uma passagem trazida à minha vida pelo grande Prof. Ismael Marinho Falcão, modelo de vida, humildade e conhecimento profundo sobre a natureza humana. Trata-se de um questionamento feito por um agricultor ao Ilustre Professor Mestre Doutor PhD Paulo Sodero Martins, em forma de versos:
*Crédito de Imagem:pensadoruol.com.br

Pergunta o agricultor:
“Se é certo que a terra morre
Quando no trato se erra
Responda, Dr. Sodero
Onde se enterra a terra? 

Seguindo o iluminismo típico de homens que verdadeiramente dedicaram seu amor a questão agrária, responderam:

1º.Dr. Sodero
Por mau uso ou abandono
Dá-se o óbito da terra
Mas quem perece é seu dono
É ele próprio que se enterra. 

2º.Esmerino Ribeiro do Vale Filho
A terra quando morre
Por mau trato, sede e dor
Não se enterra fica exposta,
Acusando o lavrador. 

3º. Jairo Navarro de Magalhães
A terra que não se trata
A produção pouco importa
Cerrado não chega a mato
Mesmo viva a terra é morta. 


Com a certeza de que por mais simples que seja o ser humano, é capaz de distinguir o certo do errado, o BEM do Mal, minha luta, meus anseios serão sempre direcionados  ao crescimento, ao desenvolvimento de meus ideais. Ainda que tropece em muralhas erguidas por desserviços e altares em culto próprio, a vida segue seu curso. 
*Crédito de Imagem:publik ador.com


A Justiça não está morta. Não podemos assim considerá-la pela inércia de quaisquer de seus membros. Alguns que deveriam contribuir para sua distribuição, infelizmente, estão letárgicos. Podem até, com suas atitudes estarem em processo de autodestruição pública. Suas omissões são sentidas e divulgadas. A máscara funcional e a forma de agir no dia a dia, como a do lavrador que não ara e no trato erra, certamente, um dia, cairá por terra.*Crédito de Imagem:angelinipereira.adv,br
E por favor, não me falem em volume de trabalho. Se assim fosse os tardios e morosos não elegeriam preferências, exceto as da Lei. Não se sabe o porquê ou mesmo o que fazer, para despertar a sensibilidade desses operadores do Direito, posto que instrumento capaz de graduar a maior e menor urgência, necessidade.
*Crédito de Imagem:br.pinterest
Aos que, por suas imparcialidades, ética e conhecimento, respeito e admiro,  deixo esse retrato deprimente do que ocorre hoje, na situação descrita e noutras, existiu no passado e escuto, diuturnamente, de colegas que não se sentem a vontade, sequer para reclamar. Novos tempos virão, com outras pessoas e novas visões do Serviço Público. Se estarei aqui não importa, outros virão depois de mim com o mesmo amor e zelo pelos Direitos.
*Crédito de Imagem:jucelinosouza.wordpress

Um comentário:

Leonardo Dantas disse...

É, Dona Lourdes, sua indignação é certamente compartilhada por muitos operadores do direito (advogados ou não) e, principalmente, pelos cidadãos que dependem e esperam (e como esperam) da Justiça a concretização de seu direito... A situação está realmente trágica e caótica!