Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

quinta-feira, 20 de março de 2014

POESIA

 
CASTRO ALVES E CARTOLA



Por vezes, mergulhamos tão fortemente em nosso mundo particular que deixamos passar excelentes oportunidades para nos expressarmos sobre coisas que tornam a vida mais bonita, mais colorida e de certa forma, mais amena.


Pois é, nessa loucura do dia a dia cometemos uma falha imperdoável. Esquecemos, sem o merecido registro, o dia 14 de Março em que se celebra o DIA NACIONAL DA POESIA. Ato falho, apenas escusável na avalanche de atividades que roubam, até mesmo, a nossa sensibilidade e nossa memória afetiva.


A poesia que já foi amplamente conceituada e definida pelos mais diferentes indivíduos como literatos, pessoas do povo sem maiores qualificações intelectuais, apaixonados, loquazes usuários da língua portuguesa e de tantas outras, merece, de nossa parte, um tributo à genialidade dos que através dela  externam seus amores, suas dores, seus sonhos e decepções.

Essa linguagem fantástica em que vibram as mais profundas emoções dos seres humanos, transmite sentimentos e pensamentos que comandam conexões, amorosas ou não; traduz paixão – pathos – até mesmo em seu sentido patológico e, arrebata de dentro das pessoas as mais íntimas centelhas de seu pensar.
 

É óbvio que algo significativo determinou a data eleita para a homenagem. Nada mais justo que a escolha tenha recaído sobre o dia do nascimento de legítimo e festejado brasileiro, representante desse dom criativo. Assim, 14 de Março, dia do nascimento de Antônio Frederico de Castro Alves, o grande Poeta, Humanista, Literato, que fez da poesia um grito de dor, de alerta e de amor em pró de homens e mulheres nascidos livres, príncipes e princesas das savanas e planícies, aprisionados, escravizados, humilhados, cujo sangue corre em nossas veias, e, constitui-se dívida para a Nação Brasileira.

                                     
Castro Alves foi a voz, a pena, a rima em forma de protesto. Chorou pelos náufragos dos tristes “Navios Negreiros”; sofreu com o torpor da melancolia que matava os cativos e a que chamavam de “Banzo”; desesperou-se com a mãe negra a quem os filhos eram arrancados do peito e definhavam enquanto ela, a mãe, alimentava os filhos brancos dos pais que torturavam, mutilavam, estupravam, milhares de criaturas subjugadas. 
  
 
Precursor da abolição é, sem sombra de dúvidas, o maior entre os nossos Poetas. Em sua luta anti-escravagista produziu a belíssima “Vozes d’a África”, “A mãe do Cativo”, “Navio Negreiro”... . Uma vida curta, intensa e fecunda que durou apenas 24 anos. Com a sensualidade a flor da pele, apaixonou-se por Idalina, para quem criou “Bárbara” do poema “Os Anjos da Meia Noite”. Amou profundamente Eugênia Câmara – experiente atriz dez anos mais velha que ele,  - e cantou seu sentimento nos versos da Poesia “Meu Segredo”. Enamorou-se de Lídia Fraga e, por último, caiu de amores – não correspondido – por Agnese Trinci Murri, soprano italiana que jamais se rendeu aos desejos do poeta.


Sua obra muito bela e rica acompanhava os seus sentimentos. Sua morte pelo acometimento da Tuberculose era considerada como típica dos que amavam a noite. A Poesia não se foi com o Poeta dos Escravos ou Poeta da Liberdade como também foi chamado.  Muitos outros vieram depois dele, amaram, sofreram, vibraram, esboçaram sorrisos e deixando lágrimas escorrerem por suas faces.

Nomes como Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Olavo Bilac, Cecília Meirelles, Gonçalves Dias, Manoel Bandeira, Augusto dos Anjos, Mário de Andrade, Dolores Duran, Mário Quintana, Carlos Drumond de Andrade, Vinicius de Morais, Cora Coralina, Elisa Lucinda,  Patativa do Assaré, Jessier Quirino,  e tantos outros que se expressaram ou se expressam com liberdade, livres do jugo e das amarras da crítica, colocando em suas criações as mais diferentes leituras de seus sentimentos, certamente sugerem uma amostra do quanto, nós brasileiros, fomos e somos influenciados por essa arte lírica.


Mas, a poesia não é algo que se encastele nesse ou naquele segmento de nossas vidas. Está presente no nosso dia a dia; em momentos simples, em atitudes mágicas, músicas belíssimas que falam de amor, nas manifestações artísticas como o teatro, a pintura, a escultura e a dança.


Como deixar de ver poesia no beija flor que de galho em galho executa um bailado sobre si, beija as flores sorvendo o néctar de cada uma? Impossível ignorar a sequência poética nos gestos de uma criança que ergue as mãos abre um sorriso e atira-se nos braços de quem ama? Irreal deixar de sentir a poesia nas palavras de Cartola: “Queixo-me às rosas, mas que bobagem... As rosas não falam...Simplesmente as rosas exalam...O perfume que roubam de ti, ai...


Qual a alma empedernida que não se comovia com a poesia, a paixão de Paulo Autran em cena? E a poesia pura de Michelangelo, traduzidas em corpos belos, madonas perfeitas, peças inimitáveis cheias de angústia visceral? Será força de expressão falar da poesia arrebatadora de corpos vibrando nos brilhantes movimentos do “Lago dos Cisnes” ou mesmo na paixão dos corpos entrelaçados na volúpia do Tango?


Não há dúvidas a poesia acompanha a vida. Irrompe com a presença da musa inspiradora na mente do poeta. Existe em seu estado latente independente de porquês. Surge na rima culta dos intelectuais e, igualmente, povoa os sentimentos contidos nos poemas de cordel, na viola matuta dos “cantadores”, “repentistas” e de tantos quantos sintam pulsar em seu peito um entusiasmo criador que os transformem.

POESIA É ISSO:

A ARTE -


“A vida bate e estraçalha a alma
e a arte nos lembra que você tem uma.”
Estella Adler

A RIMA –   
                

As Duas Flores
Castro Alves

São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol.
Vivendo do mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bom como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas...Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor
Juntar as rodas da vida,
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!

A BELEZA - 


As Rosas Não Falam
Cartola

Bate outra vez
Com esperanças em meu coração
Pois já vai terminando o verão
Enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim

Queixo-me às rosas
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti,ai

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim


TUDO ISSO ME FASCINA!





Um comentário:

Manoel Carlos Alves disse...

Boa noite,

Passando para te agradecer a gentil visita e deixar-te um cordial abraço, claro sem esquecer de dizer-lhe qua adoro este belo blog...