Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O QUE FAZER NA VIDA?

 COISAS BOAS!

Celebrar a vida com alegria e esperança,  absorver e por em prática boas idéias. Alegrar-se com  a poesia  viva de nosso saudoso Gonzaguinha que nos deu um fantástico testemunho, cantando:  " Viver! E não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...". Ter a certeza de que o aprendizado arrasta-se por toda a nossa existência e, com um pouco de sorte, talvez, identificar o que realmente legitima a nossa passagem por onde quer que possamos ir. 

Assim, buscar e determinar algumas coisas que tornem a nossa caminhada mais rica, mais proveitosa é algo a por em prática. É lógico que não existe um padrão estático de mais valia. Não quando se fala em existência humana, com suas experiência e emoções; inclusive, e Graças a Deus, o ser humano não nasce com manual de instruções. 

Seríamos tremendamente chatos e monótonos se fôssemos iguais em nossa maneira de ser, pensar, agir e  reagir.  Cada ser humano possui uma maneira particular de atribuir ou não importância aos acontecimentos, aos fatos, aos lugares, as pessoas e, também, de manifestar-se.  

Desse modo acredito que alguns aspectos são relevantes e legítimos para compor a nossa bagagem terrena, embora percebidos, pensados e vivenciados de forma única, por cada indivíduo. Com certeza há muito o que ser resgatado e feito por cada um de nós. A exemplo:
  
RELEMBRAR -  Por mais simples que sejam as nossas lembranças, como extasiar-se revendo um lugar que não é mais o mesmo; ou uma praça onde brincamos enquanto crianças, aonde tivemos os nossos primeiros flertes e que, mesmo não mais guardando qualquer semelhança com a daquela época, nos leva de volta ao passado; é algo altamente significativo, parece traduzir as emoções anteriormente vividas. 

Olhar o jardim lembrando de imediato de um gesto, uma oferta, uma flor, uma declaração; observar e ver que um banco na praça faz ressurgir as moças namorando, os homens discutindo política; as  senhoras que, após a missa, rapidamente, repassavam as novidades e, os rapazes ,que trocavam suas impressões sobre as mais bonitas, as mais tímidas, as atiradas, enfim, sobre as moças.


A recordação solene da igreja, que nos parecia enorme, sempre cheia, onde as missas, as novenas, os casamentos, incitavam a nossa imaginação e nos causava, a um só tempo, sensações as mais controvertidas. Lembrar os Domingos onde acordávamos ansiosas e apressadas pois era dia de Missa. Dia de devoção e...novidades.

A escola com suas lembranças cheias de sonhos e decisões tomadas num dia e esquecidas no outro; a magia dos verdes anos, das conversas sobre os amigos, sobre moda, família; as saudáveis ambições que nos levavam a escolher, muito precocemente, o que gostaríamos de ser. A lembrança da vivência, saudável em cada etapa da vida, traduzindo-se em adultos em paz consigo mesmo e com os demais.

As imagens evocadas de reuniões familiares. Festas cujo prazer poderia ser dimensionado pelo rebuliço, pelos preparativos, pela emoção que invadia a todos. As crianças em polvorosa prevendo os docinhos, salgadinhos,  os refrigerantes e os presentes; os jovens preocupados com as roupas, com a presença ou ausência de alguém; os adultos, empenhados em realizar algo que fosse a um só tempo divertido e agradável a todos. Tudo significava alegria.

RIR  - O riso que ecoa enfeitando espaços, sinalizando felicidade.  Aquele que cresce dentro do peito, explode garganta a fora, sacode o corpo e nos causa uma tremenda sensação de bem estar.  O riso, o gargalhar, que embeleza o rosto, suaviza as linhas da face e que, fazendo parte da linguagem universal, privilégio da espécie humana...,  nos remete ao prazer, a alegria, a brincadeira, a troca calorosa de expressões de amizade. 

O riso, que é contido muitas vezes em razão de convenções sociais e que, uma vez liberado adquire uma força libertadora, catalisadora, capaz de tornar o nosso dia mais promissor. O riso contagiante, que embala as brincadeiras entre as crianças, aquece os lares, une os amantes, quebra a frieza e  o protocolo de ambientes , aparentemente,  devotados ao trabalho, a mesmice.  Saibam, ainda permanece a certeza de que "rir  é o melhor remédio". 

SONHAR.  Delicioso poder sonhar. Perder-se em quimeras, viajar sem sair de quatro paredes, se deixar levar pelo devaneio e ver, numa fração de segundos, o passado tornar-se presente, o presente se assenhorear de nossas vidas e, o futuro fazer-se tão próximo que quase conseguimos tocá-lo com as nossas mãos.

Imaginar-se no seu lugar preferido, sem nada para fazer, se deixar levar pela fantasia e, ter novamente consigo, pessoas queridas que já partiram deixando tantas recordações maravilhosas; a imagem de amigos queridos que estão longe, a lembrança de emoções vividas, a projeção de algo que você deseja, planeja, executa mil vezes em seu ideário. Sonhar é voar nas asas da fantasia sem limites de tempo, sem barreiras geográficas, sem censuras. É sentir-se livre.

FAZER AMIGOS. Tê-los, com certeza é um dos maiores tesouros que o ser humano pode possuir. Não falo daquele ou daquela que nos procuram quando estamos bem, quando nossas vidas caminham as mil maravilhas, nossa saúde está excelente, nossas finanças sem qualquer embaraço. 

Os amigos, que nos honram com sua  amizade, aproximam-se quando aquilo em que colocamos os nossos esforços não dá o resultado esperado; quando a saúde parece fraquejar e de repente alguém, em quem confiamos, nos diz ternamente: calma, vai passar. Esses surgem ao nosso lado, em silêncio, naquela hora triste  em que nos despedimos de alguém muito amado, esses simbolizam a verdadeira amizade, são jóias raras.

Esses amigos de que falo são aqueles mesmos que após anos e anos, nos reencontros, emocionam-se, demonstram seu carinho, sua preocupação em saber como estamos e como estão os nossos entes queridos; percebem, carinhosamente, que o tempo passou e só nos melhorou..., mesmo diante de tal incoerência, nos transmitem tanta  confiança, que só nos resta acreditar. 

Enternecer-se com a afeição, deliciar-se ante as recordações, as lembranças surpreendentes e nas quais cada um complementa a do outro, cada amigo citado traz de volta muitos outros, isso não tem preço e torna a nossa existência bem melhor, com qualidade.

APAIXONAR-SE. Sem a supressão dos sentidos que nos despersonaliza e nos torna escravos de uma fantasia. Mas e sim com emoção arrebatadora que fascina e nos leva a visualizar o objeto de nosso desejo de forma mítica, inigualável. A sensação gostosa, que desalinha pensamentos, acelera a pulsação, que nos faz desejar construir uma história, a nossa história, ao lado do outro e que, quando termina, deixa aquela doce lembrança, recorrente, até que chegue um novo amor.

E a nova paixão, como será? O que acrescentará ao nosso coração carente, sonhador? Pouco importa. Apaixonar-se, ter a sensação de que ama de forma absoluta, incondicional, se deixar levar por um novo sentimento, tão nosso conhecido; sentir de novo e imaginar “nova” a paixão;  fazê-la única à semelhança do sol que a cada dia “nasce novo em cada amanhecer”; tornar inesquecível um abraço que, o tempo inexoravelmente corroerá, pensando em ser único aquele amor porque atual e, mais tarde, lembrar que, em matéria de paixão, algumas coisas jamais mudam. 

Apaixonar-se é essencial, dedicar-se com intensidade  a aquilo a que nos propomos realizar; defender ardorosamente aquilo em que acreditamos; sermos apaixonados e vivermos apaixonadamente,  bem que vale a pena, até porquê já sabemos, graças a Roberto Freire que: “Sem tesão, não há solução”, isso para os que “sentem desejo pela alegria, beleza pelo desejo e alegria pela beleza”.

AMAR – Ah o amor. Aquele que é realmente incondicional e que nutrimos por tudo que nos é caro. Nossos filhos, nossos pais, nossos irmãos, parentes e amigos, nos enche de bons sentimentos, bons propósitos e atitudes. O amor  por nossos "companheiros"que nos leva a comportamentos  inusitados, a renúncias sequer cogitadas, a sacrifícios nunca pensados e que nos flagra falando ininterruptamente sobre a mesma criatura. O amor harmoniza as pessoas torna-as melhores, mais felizes. 


Esse sentimento gratificante que desconhece padrões sociais, sexo, cor, idade, tem por tônica a capacidade do ser humano de se doar, de se deixar invadir pela presença do outro, tecendo elos invisíveis que os une.

O amor que nos faz sentir necessidade de dar carinho, de agradecer a Deus pelas dádivas diárias, remove montanhas e coloca o riso em nosso rosto ainda que haja motivos para não fazê-lo. O amor que nos trouxe ao mundo, que nos leva, permanentemente, a tentar melhorá-lo. O amor que nos faz ver a beleza das flores, do mar, da música, do canto dos pássaros, do amanhecer, do crepúsculo, do orvalho, da chuva, da poesia. O amor que deu a nós, mulheres, a condição de ser mães e que nos deu Maria por nossa mãe e , ainda, a cada uma de nós, uma mãe para nos ensinar, fundamentalmente,  a amar.

CRER – A crença, para a qual direcionamos a nossa atenção, os nossos mais transformadores esforços e que pode ser exercida em relação a nós mesmos ou enfocando o Divino. A fé que cada um tem em si mesmo é a confiança, materializada em  atitudes, é a crença em nosso potencial, na nossa capacidade de conquistar aquilo que desejamos,  de realizar sonhos e desejos, essa é a fé que nos faz acreditar que  seremos vitoriosos, quer  individual ou  socialmente, como profissional ou como cidadão, como homens e mulheres motivados ao progresso,  ao sucesso.  

A Fé divina, é aquela que nos  revigora, eleva, enche de paz,  nos irmana  como membros de uma só família. É o exercício continuado que impulsiona a sermos melhores, a olhar o outro com mais cuidado, a tentar ver, em cada um,  o nosso próximo mas, tão próximo,  que só nos inspire amor. 

A fé que nos leva a dependência do amor de Deus é a fé divina. É a certeza de que nunca estamos sós e que, nos momentos mais difíceis de nossa vidas, estaremos sob a proteção de um Ser Superior a nos inspirar na superação de todas as dificuldades. É o aflorar da espiritualidade que independentemente do credo, traz consigo conscientização, humanização, harmonia, amor.

RESPEITAR - Ter respeito à vida, às pessoas, às diferenças, às crenças, às opções . É possível que o respeito seja um dos maiores valores da humanidade e que ratifique a muitos outros. O mundo atual com sua costumeira pressa, por vezes põe em prática atos de desrespeito que, inevitavelmente, resultam em desequilíbrio social. Todavia, ter respeito é portar-se com ética, é contribuir para que haja compreensão entre posições divergentes de modo que não ocorra  imposições geradoras de insatisfações.


Lembrar, sempre, que nenhum de nós é o dono ou dona da verdade é um excelente começo para exercitar o respeito ao próximo. Conviver com o diferente sem alardes, críticas, repudio; fixar em nossas mentes que, embora não possa falar sobre nossa maneira de ser, as crianças em tenra idade, os animais, os muito idosos,  são dignos e merecedores de nosso respeito e que, a discriminação, os maus tratos, as punições, são aspectos que denigrem, envergonham e brutalizam a convivência humana.

Assim, a capacidade de rever pessoas e fatos, de relembrar situações de grande emoções e ou mesmo corriqueiras que tomam uma conotação diferente com o passar dos anos, a possibilidade de externar a alegria através do riso, de abraçar fortemente aos entes queridos e amigos, o viver amores e paixões, o manter inabalável a fé o respeito a humanidade ....essas coisas com toda certeza dão qualidade, marcam a vida tornando-a digna de ser vivida.


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