A mulher na Idade Média
Os historiadores definem Idade Média como sendo “o longo período de quase mil anos, que começou no ano 476, quando o Império Romano do Ocidente caiu nas mãos dos povos bárbaros, e se estendeu até perto das Grandes Navegações, em 1453, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos. Chama-se Média porque foi um período intermediário entre a Idade Antiga e a Idade Moderna.[1 – fonte - Wikipédia, a enciclopédia livre].
Outras denominações para esse período são: Idade Medieval, Era Medieval ou Medievo, todas demonstrando a característica de ser uma intermediação entre dois momentos da história da Humanidade. Essa Era também é conhecida como a Idade das Trevas, numa referência a idéias equivocadas. A peste negra, as cruzadas, as revoltas camponesas, os cavaleiros, o misticismo, a bruxaria, os dragões e tantos outros legados, verdadeiros ou não, fazem da Idade Média uma aventura cheia de medos e fascínio.
Para encontrarmos as nossas heroínas e nossas vilãs, necessitamos estabelecer algumas questões, senão vejamos: a Idade Média é subdividida em ciclos, com mudanças importantíssimas nas sociedades. A supremacia absoluta da Igreja Católica aliada a um sistema de produção feudal, resultando em relações de vassalagem e suserania – onde, o suserano, em troca de terra, recebia do vassalo fidelidade e trabalho. O rei era o suserano mais poderoso. A busca e a publicação de documentos acerca da Idade Média nos mostra um período muito longo da humanidade onde a economia era rural, houve a diminuição do comércio à distância e o quase desaparecimento da moeda; a posterior revitalização do comércio, a partir do século X e o surgimento de nova classe social.
Os poderes, econômicos, políticos e jurídico eram exercidos pelos senhores feudais, numa sociedade imóvel e dividida em classes. A nobreza e o Clero compunham a parte de cima da pirâmide social. A primeira era a dona das terras, a segunda tinham o poder imposto pela fé, pela ignorância e pelo medo. Entrelaçavam-se, era comum clérigos nobres, aumentando, assim, o Poder da Igreja. A base da pirâmide social compunha-se de camponeses e pequenos artesãos.
A mulher, naturalmente, é encontrada em todas camadas sociais, a sua atuação na sociedade é o ponto de partida para nossa peregrinação. Nesse ambiente tentamos localizar algumas figuras relevantes no universo feminino e que, mostrem onde e como a mulher podia se destacar. Ressaltado que a Fé é o elemento de resgate do gênero, nesse período da história.
HEROÍNA - CATÓLICAS
SANTA MÔNICA - Mônica passa para História através da obra Confissões, de seu segundo filho, Santo Agostinho (Aurelius Augustinus, 13.11.354 d.C.), escrita aproximadamente no ano de 397. A Igreja reconhece o seu nascimento no ano de 331 d. C., embora existam controvérsias quanto a essa data. Seus pais eram cristãos, que se mantiveram católicos durante o cisma donatista (LOYN, 1990: 122). Responsável pela formação da conduta moral e religiosa do filho, Santa Mônica é o modelo da tarefa pedagógica vital de incutir pudor, mansidão, e todas essas condutas cristãs, torna-se exemplo de comportamento virtuoso, que, além de tudo, dá o empenho da conversão, em que pese a "debilidade estrutural da intervenção feminina no interior da família".
SANTA GENOVEVA GENEZIEVE - Nasceu em 422 em Naterre perto de Paris e dedicou-se a Jesus desde a idade de 7 anos quando se encontrou São Germano de Auxerre, por ocasião de uma viagem que o Santo fazia à Inglaterra. Aos 28 anos, pela sua virtude e força de caráter, convenceu os habitantes de Paris a não abandonarem a cidade nem a entregarem aos pagãos. É a padroeira da Cidade Luz.
SANTA ADELAIDE – Nascida em 931 e falecida em 999; Órfã aos seis anos e viúva aos dezenove, foi, por interesses políticos, perseguida e aprisionada pelo Duque Berengário e sua mulher Wila, sujeitando-se a esta situação indigna com resignação e confiança em Deus. Com a ajuda do piedoso capelão Martinho consegue escapar e, escoltada pelo Margrave Apo, se refugia no castelo do Duque de Canossa, Alberto Uzzo. Oto I, o homem mais poderoso daquele tempo invade a Itália e afugenta Berengário. Dirigindo-se a Canossa, casou-se com Adelaide no dia de Natal de 951, resultando daí uma união feliz. Elevada à dignidade imperial, demonstrou imensa humildade e caridade para com os menos favorecidos. Viúva pela segunda vez, tornou-se regente até a maioridade do filho, o imperador Oto II, que em 971 casou-se com a princesa grega Teofânia, que também passou a hostilizar Adelaide. Morto Oto II, Adelaide se retira da corte, mas logo também Teofânia morre e Adelaide retorna para ser regente em nome de seu neto Oto III, coordenando suas obrigações políticas e religiosas. Partindo do princípio que a "felicidade e a prosperidade de uma nação depende da bênção de Deus", procurou implantar à todo custo na alma do povo o "santo" temor de Deus, fazendo empenho para que fossem conservados fielmente os "costumes e usos da vida cristã" de forma severa. Após a morte do seu marido, em 973, começou a interessar-se cada vez mais pelas missões e estabeleceu vários mosteiros e igrejas.
JOANA D'ARC - Nasce em Domrémy e, aos 13 anos, afirma ouvir vozes divinas pedirem-lhe que salvasse a França. É presa em 23 de Maio de 1430 e entregue aos ingleses que a acusam de bruxarias. Mártir francesa, canonizada em 1920, foi a heroína da Guerra dos Cem Anos, que ajudou a libertar a França do domínio inglês. Submetida a um tribunal católico em Rouen, é condenada à morte depois de meses a fio em julgamento. Passado um ano, é queimada viva, com 19 anos. A revisão de seu processo começa a partir de 1456 e a Igreja Católica beatifica-a em 1909. Em 1920, é declarada Santa.
ANTI - HEROÍNAS
Ela viveu dias felizes em Camelot, mas seu amor proibido por Lancelot a torturava tornando-a fria e vingativa. A rainha era muito católica e fez com que o rei Artur trocasse a bandeira do Pendragon pela cruz do cristianismo, com isso criou o início da decadência do reinado do marido e seu rompimento com o mundo de sua mãe: Avalon.
MORGANA - Morgana era a irmã mais velha de Artur, foi criada em Avalon como uma sacerdotisa. Estava predestinada a ser a próxima Senhora de Avalon. Foi convocada por Viviane para a cerimônia do Gamo-Rei, onde foi dada ao irmão Artur em nome da deusa, abandonando Avalon após descobrir isso. Desse encontro teve um filho com o irmão, Mordred que foi criado longe de Camelot, mas que volta e torna-se o conselheiro do rei e muito mais tarde seu substituto. Morgana morre velha e exilada em Avalon, mundo este que se perdeu para sempre nas brumas.
JOÃO ANGLIUS - JOANA – Contam fragmentos da história que no ano de 854, “o papa Leão morreu nas kalendas de agosto e foi sucedido por Joana, uma mulher, que reinou durante dois anos, cinco meses e quatro dias". Conhecido como João Anglius, nascido em Mainz e, vestida com vestes masculinas, foi levada para Atenas, onde se destacou por seus conhecimentos e versatilidade.
Tornou-se Papa pois nenhum dos candidatos demonstrou ter conhecimentoscapaz de fazer frente a Joana. Dizem os autores da época, que, foi engravidada e por ignorar o tempo exato em que teria o seu filho, estando numa procissão do São Pedro até Latrão, deu à luz um filho em uma estreita viela entre o Coliseu e a Igreja de São Clemente." O fato provocou a adoção de uma cadeira cujo assento era vazado e na qual o candidato a Papa deveria sentar-se, sem roupa de baixo, de forma que se pudesse visualizar parte de sua genitália. Muitos historiadores falam na Papisa, entre eles Marianus Scotus (1028-1086), monge Irlandês; Martinus Polonus, padre da Ordem Dominicana; Otto, bispo de Frisingen (Alemanha); o dominicano; Jean de Mailly, de Metz (França); o frade dominicano francês Estevão de Bourbon, todavia todos os sucessivos escritores católicos a partir de. 1500 negaram o fato.
Vale a pena ressaltar, ainda, mulheres que se destacaram não por santidade ou ausência dela, tais como: HILDEGARDA DE BIGEN que legou à humanidade o tratado Causae et Curae, que é um retrato da medicina medieval; ANA COMNENA, princesa bizantina, filha de Aleixo Comnena, Alexíada é o título da biografia de seu pai, escrita por ela; na Universidade de Bolonha- entre o século XII e o XVII, MAGDALENA BUONSINGORIi, BETINA CALDERINI e BETITSTA GONZADDEN, lecionaram cátedra de Direito, num universo tipicamente masculino. Entretanto, a resposta maciça do sexo oposto impediu a continuidade da prática.
A HEROÍNA PAGÃ
ISOLDA – Heroína de lenda Celta e ou viking onde Marcos, rei da Cornualha, decide casar com Isolda, a princesa loura da Irlanda. Encarrega seu sobrinho Tristão de ir buscá-La. Exímio cavaleiro, Tristão salva a Irlanda de um terrível dragão. Cheia de admiração, Isolda apaixona-se pelo guerreiro, sendo correspondida em seu afeto. Vivem um amor avassalador antes de sua viagem. Entretanto, a princesa casa-se com Marcos e torna-se rainha. Refugia-se na floresta e vive com seu amado por três anos, iludindo o rei e desmoralizando os nobres que os denunciavam. Uma vez afastados morrem. A lenda exalta o amor-paixão e é sacralizada. Isolda representa o imaginário amoroso medieval. Rompe com toda a idéia de obediência irrestrita e servilismo.
A Idade Média não é, certamente o melhor momento da mulher: o seu universo passeia entre a Igreja - que se apresenta de uma forma exigente e segregadora, eleva pessoas a condição de santos e santas ou de hereges - e as crenças populares cheias de misticismo, exorcismo, fatalismo, transaformando as pessoas em bruxas e inimigas, causando transtornos físicos e morais. A mulher, na Idade Média, apresenta-se extremamente fragilizada.
Quase mil anos de Idade Média levam a humanidade por um caminho tortuoso. Chegar à Idade Moderna, a partir do Renascimento, é algo a ser compartilhado.
Venham e vejam... na próxima postagem.
Um comentário:
É prazeroso e enriquecedor, do ponto de vista intelectual, acompanhar postagens históricas como esta...
Gostei de ainda não termos acabado nossa trajetória, porque quero ver mais.
Estou no aguardo!
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