Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Memes e Dâmocles - o fio continua


Vocês sabem o que significa MEMES ? Todos nós, ainda que não tenhamos consciência do fato, de alguma forma já tivemos contato com eles. Refiro-me aos MEMES, cujo vocábulo origina-se do grego MIMENE: que significa imitação, repetição. 
Do ponto de vista social a nova ordem impõe o conhecimento como moeda de troca. Hoje, a produção intelectual se dá na espantosa velocidade da internet. Multiplicam-se as redes sociais, as janelas para a informação. Todavia, esta multiplicidade não assegura aos interessados a lisura das informações e/ou a utilidade dos conhecimentos produzidos.

A mobilização, a incessante produção de notícias que, sem pedir licença, invadem as nossas vidas, nossas casas, manipulam ideais, submetem-nos a ditadura do “atual”, daquilo que sem  legitimar sua ascensão, toma conta das cidades, das pessoas, assumindo uma notabilidade sem sentido.

Ora, em muitas ocasiões não há como definir o porquê do crescente interesse das pessoas. A reiteração da notícia torna-se um multiplicador  eficaz porquanto a dissemina, ignorando fronteiras, cobrando da sociedade, o conhecimento e o acompanhamento da novidade que pode até ser uma mentira, uma iniqüidade mas que, em razão da desmedida repetição, assume o status de inegável, imprescindível.

Tal comportamento não é privilégio da nossa época. A Grécia, berço da civilização ocidental, nos legou a  idéia  conceitual de mimene como uma resultante da imitação continuada  na geração de imagens. Mimesis (μίμησις de μιμεîσθαι),mimene ou mimese, no universo grego, significando imitação, repetição ou representação.
 
Por toda a história da Humanidade há o relato de situações que surgiram do nada, estenderam-se para todos os lados, mostraram uma força  passional e do mesmo modo desvaneceram-se e desapareceram, sem deixar saudades.  

Alguém já registrou que a comprovação, por assim dizer, do evento MEMES, tão remoto quanto a vida humana está intrinsecamente relacionadoscom a evolução cultural. Memes são, portanto,  informações reiteradas que, como os vírus, infectam o nosso pensamento, afetam o nosso comportamento, e se propagam de cérebro em cérebro, formando nossa cultura. Assim, o meme é o gene cultural que se reproduz.

As convocações por faceboock, os torpedos, os orkut, situações vãs pulverizadas na internet fascinam os conectados do mesmo modo que a mídia – para muitos, o 4º poder. Os meios de comunicação, pródigos em criar heróis, através de replicantes citações que transformam amenidades em algo vital, dão ao acontecimento ares quase que patológicos, pois tais “memes” privam os sentidos, norteiam interesses, mudam os hábitos e desvirtuam a realidade, notadamente, naquilo que seria a visão crítica, capaz de selecionar e reduzir inocuidade a sua real condição. 

Recentemente a Paraíba foi tomada por sentimento comum, apenas visto em época de copa do mundo, onde a Pátria é o País de Chuteiras, em virtude ter surgido, aparentemente sem qualquer razão, uma celebridade nacional: aquela que não viu, ouviu, participou, cantou, se emocionou ou simplesmente viveu sua vida recatada de estudante PORQUE ESTAVA NO CANADÁ, superando até mesmo a Carolina de Chico Buarque, para quem a vida passou na janela e somente a musa não a viu.

É isso mesmo, falo de Luíza, que de repente virou "estrela", ganhou os blogs, os sites, as revistas, chamadas em rede por todo o Brasil, no horário nobre e, será que alguém explica tal fenômeno? Não, é possível uma explicação convincente para tal, não há como prever que tal frase, tal imagem, tal música, tal personagem de  uma novela, um filme, ganhe status de vírus, invada sem distinção os cérebros de jovens, adultos, crianças, idosos, intelectuais, pessoas simples, igualando-os na mesmice.

Tamanha é a possibilidade de qualquer um transformar-se em celebridade instantânea, que sequer os famosos escapam aos insights. Assim, a cena em teatro de Nova York, que foi transmitida ao vivo pela televisão e já está na rede, informa que, em busca da eleição, "Obama solta a voz".  O presidente entonou trecho de 'Let's Stay Together', notícia que está sendo repetidamente veiculada. Só nos resta esperar que a reprodução não se torne febre, com aparente prazo de validade e/ou razão de ser.

Registra a sabedoria popular a dificuldade ou mesmo a impossibilidade de se recolher penas jogadas ao vento, como alusão aos efeitos de um boato. A web modificou conceitos, massificou o alcance e a potencialidade de tais ocorrências,  tornando as Memes, o fio que segura a espada, o que nos leva à conclusão de que continuamos sob o peso da espada de Dâmocles ! Sequer precisamos desagradar a alguém, faz-se suficiente que o fato ou o ato a que demos causa agrade aos permanentemente de plantão e dispostos a repeti-la – a ocorrência – até a exaustão.



5 comentários:

pensamentosnoespelho disse...

D. Lourdinha, acompanhei o processo de criação e ajudei este blog a nascer, mas até agora estava sem conseguir encontrar as palavras adequadas para descrever as minhas impressões acerca dos seus textos.
Ao ler o comentário de Nanda me identifiquei totalmente com ele, faço minhas as palavras dela.
Parabéns e obrigada por seus textos repletos de conhecimento sem nenhuma arrogância, pelas temáticas abordadas com tanta maestria e sensibilidade, e pela confiança que depositou em mim no cargo de "auxiliar de blogueira novata".
Lamento, apenas, por este blog não ter nascido há mais tempo.
Beijocas da sua norinha.

Luzia disse...

Achei o máximo Obama soltando a voz e repassei para amigos do facebook,mesmo tendo consciência de que na política vale "tudo", especialmente em época de campanha, o carisma dele prevaleceu na minha decisão. Ótimo texto, bjs!

Luzia disse...

Simmm, não posso deixar de falar das ilustrações inteligentes, interessantíssimas, que compõem os conteúdos. Amei.

Leonardo Dantas disse...

Realmente, com essa história de meme, com essas redes socias, com estas ferramentas de disseminação rápida e ampla dos acontecimentos, qualquer um de nós poderá ser a boba da vez, do dia pra noite, seja como herói, seja como vilão. A vida torna-se um "reality show", portanto: "sorria, você está sendo filmado".

Leonardo Dantas disse...

Corrigindo, quero dizer: a "bola" da vez... hehehehe